Como administrar três namorados ao mesmo tempo?

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Três namorados: é preciso assumir as consequências dessa escolha

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“Boa tarde, não quero ser incompreendida ou julgada. Tenho três namorados, dois virtuais em países distintos e um no Brasil; um não sabe de outro, gosto dos estrangeiros, o brasileiro é para sexo mesmo, carinho. Mas eu uma hora terei que me casar com um. Como fazer? Será que sou doente?”

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Resposta: Você levanta uma questão interessante: será que qualquer atitude não convencional em relacionamento amoroso deve, necessariamente, ser rotulada como patológica? Ou será que as pessoas podem escolher viver sua vida amorosa do jeito que quiserem? Sua questão provoca também uma reflexão sobre a virtualidade nas relações amorosas, que acaba possibilitando múltiplos relacionamentos simultâneos de uma maneira mais fácil do que as relações presenciais.

Com relação à diferença entre normal e patológico, relações amorosas são escolhas feitas por adultos. E, em toda escolha feita por um adulto, normal é o que a pessoa escolhe para ela, desde que assuma os riscos e as consequências de sua escolha. Nossa sociedade, sendo monogâmica protege quem faz uma escolha monogâmica. Mas quem escolhe ter múltiplas relações, e muitos fazem essa escolha, apenas tem que ter uma maior consciência sobre as dores emocionais que esse tipo de relação pode causar em si mesmo ou em um dos parceiros (se a relação não for aberta e um dos parceiros descobrir a existência de outros), maior cuidado na administração dessas relações, e um certo zelo para que os desconfortos de coordenar vários amores não superem os prazeres de ter um amor para cada tipo de necessidade afetiva.

Relação não aberta é uma escolha

Você diz que suas relações não são abertas, que você prefere que nenhum dos seus três namorados saiba da existência dos outros dois. Também foi uma escolha sua. Pelo que parece você se relaciona sexualmente apenas com um dos parceiros e com os outros troca afetos na virtualidade. Até aí, aparentemente, se você gosta, qual o problema? Como você mesma diz, você ainda não está casada, ou seja, não estabeleceu um compromisso de formar uma família com um deles. Assim, por lógica, não está prometendo o que não se propõe a oferecer… Portanto, sem grandes problemas ou dilemas até aqui.

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Mas você mesma levanta uma questão que pode vir a acontecer no futuro: sua vontade de casar. Bem, assim como você escolheu um modelo de relacionamento para o namoro, terá que escolher um para o casamento. Perceba que a escolha continua sendo sua, solteira, namorando, noivando ou casando. Portanto, continuamos falando aqui de assumir as consequências com responsabilidade. Assim, se tentarmos generalizar o que é permitido ou não em um relacionamento amoroso, a lógica é: você pode fazer o que escolher, desde que assuma as consequências do que escolheu e tente não magoar profundamente ninguém com quem se envolve. Nesse sentido, discrição é a palavra de ordem.

É possível que depois de experimentar vários relacionamentos amorosos, simultâneos ou não, você queira partir para um relacionamento tradicional, monogâmico, e confortável. Se isso acontecer no momento certo, em que sua escolha esteja apoiada em sua necessidade pessoal, provavelmente a angústia que sente agora tenderá a desaparecer. Mas, também é possível que para você o jogo amoroso tenha uma importância que transcenda seu estado civil e você realmente opte, conscientemente, por relações múltiplas. Se isso acontecer, cabe a você, e só a você, como já foi dito, administrar esses vínculos da maneira que achar melhor. Muitos, na sua situação, optariam por um relacionamento aberto, em que combinariam com o parceiro oficial a possibilidade de incluir outras pessoas na relação. Mas relações abertas exigem uma maturidade muito grande de ambos os envolvidos e nem sempre isso ocorre.

Relações virtuais facilitam os encontros amorosos

A questão das relações virtuais facilitarem os encontros amorosos, certamente, exigirá das pessoas uma reflexão mais profunda sobre o que se caracteriza como traição. Cada um terá que estabelecer suas próprias regras morais, pois dificilmente haverá um código genérico ou jurídico que legislará sobre isso. Aliás, juridicamente, até a traição carnal não constitui mais um “crime”, o que dirá a traição virtual…

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Vivemos numa época em que fica cada vez mais importante respeitar o direito de cada um à diversidade de escolhas amorosas. Assim, é aconselhável que cada um, a partir de suas escolhas pessoais, saiba respeitar o que é, de fato, importante em qualquer relação humana: consciência do que faz, responsabilidade, empatia e cuidado com o outro e, principalmente, respeito pelas escolhas dos outros. Sem essas condições qualquer relacionamento, amoroso ou não, está fadado ao fracasso.

Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.

É psicóloga graduada pela PUC/SP. É psicoterapeuta de adultos e adolescentes em consultório particular desde 1975 até a presente data. É coach em saúde mental. Vya Estelar quer colocar você, querido leitor(a), ainda mais pertinho de nós. A psicóloga Anette Lewin responderá perguntas enviadas por você sobre relacionamento amoroso, conflitos na vida a dois e conjugal. Esta resposta possui dois formatos: 1º formato: responder as perguntas enviadas por você; 2º) formato: extrair uma palavra em específico de uma pergunta que você enviou (ex: traição). E partir desta palavra, revelar o significado do que sentimos ao nos relacionar. Seu nome e e-mail serão preservados.