por Jocelem Salgado
Os cálculos renais, popularmente conhecidos como "pedras nos rins", são formados quando a concentração de alguns componentes da urina (ácido úrico, cálcio, fósforo, cistina) se eleva a ponto de ocorrer a agregação dos mesmos em forma de cristais.
Esses cristais usualmente são removidos do corpo pelo fluxo natural da urina, mas em certas situações, aderem-se ao tecido renal ou localizam-se em áreas onde não conseguem ser removidos. Essas "pedras" no início são bem pequenas, mas podem crescer e chegar a ter o tamanho de um caroço de azeitona ou pedregulho.
A doença atinge 5% da população mundial sendo que ataca três vezes mais homens que mulheres. A maioria dos casos é diagnosticado em pessoas entre 30-50 anos de idade, por isso a prevenção deve começar na infância, com a educação alimentar.
Aproximadamente uma em cada duzentas pessoas desenvolvem pedras nos rins. Cerca de 80% destas pessoas eliminam a pedra espontaneamente junto com a urina. Os outros 20% restantes necessitam de alguma forma de tratamento. Geralmente, 50% das pessoas que já sofreram um episódio de cálculo renal podem também desenvolver a doença novamente, num prazo de 5 a 10 anos; por isso, é importante manter as medidas preventivas.
Sintomas
O cálculo renal é considerado uma doença silenciosa, pois os sintomas somente irão se manifestar quando as pedras já estiverem instaladas. Alguns cálculos podem permanecer assintomáticos (sem sintoma algum) não requerendo tratamento algum, mas podem obstruir e machucar partes do trato urinário ao tentarem passar junto com o fluxo normal da urina.
A dor causada por um cálculo é descrita como a mais severa dor que uma pessoa pode experimentar, ocorrendo na porção inferior das costas ou no abdômen. Esta dor pode ser tanto constante como descontínua e pode vir acompanhada de náusea, vômito e sangue na urina. A presença de uma urina com odor fétido, febre e calafrios pode indicar a presença de infecção associada, a qual poderá resultar numa enfermidade mais séria.
Para evitar novas ocorrências, é importante determinar a causa dos cálculos renais. A maioria é formada de oxalatos de cálcio ou de fosfato de cálcio. Em menor proporção as pedras podem se formar de cristais de ácido úrico, especialmente nas pessoas com gota. Um quarto tipo, cálculos cistinos, ocorrem em raros casos de doenças metabólicas.
Os fatores que predispõem ao problema são:
A formação de um cálculo renal geralmente resulta de múltiplos fatores que atuam conjuntamente em um indivíduo suscetível.
– Idade: mais comum durante a idade média (30 a 50 anos)
– Sexo: três vezes mais comum em homens do que em mulheres
– Atividade: imobilização ou perda excessiva de líquidos através do suor
– Clima: em climas quentes ou durante os meses de verão; habitantes de climas quentes como algumas cidades nordestinas, por exemplo, têm maiores chances de desenvolver o problema, pois desidratam-se mais rapidamente, o que torna a urina mais concentrada.
– Distúrbios genéticos: tais como gota, cistinúria, hiperoxaluria primária
– Casos de cálculos utológicos na família
– Distúrbios metabólicos: tais como problemas renais endócrinos e intestinais que aumentam a quantidade de cálcio e oxalato no sangue e na urina
– Uso incorreto de medicações
– Infecção urinária
– Baixo consumo de líquidos
– Desordens alimentares
Prevenção
A melhor forma para quem quer prevenir ou evitar a reincidência de cálculos renais é incorporar hábitos saudáveis diários, ou seja, praticar exercícios, adotar uma dieta saudável e tomar mais água.
É essencial beber bastante líquido para manter o equilíbrio e eliminar os minerais que se acumulam para formar as pedras. O ideal é tomar entre dois,cinco a três litros de água por dia. O líquido aumenta a movimentação das partículas dentro do organismo e, com isso diminui a chance delas se concentrarem e se aglomerarem nos rins.
Também podem ser necessárias mudanças na dieta. Apesar da maioria dos cálculos conter cálcio, não é uma boa idéia diminuir este mineral da dieta, a não ser que seja especificado pelo médico. Se o corpo humano não receber uma dose suficiente, ele roubará o cálcio dos ossos, aumentando o risco de osteoporose.
Às vezes, o aumento da quantidade de cálcio pode ser devido ao grande consumo de sal. O sal favorece a eliminação do cálcio pela urina aumentando a chance deste mineral alojar-se nos rins. Por esse motivo, o consumo de sal não deve exceder a seis gramas por dia. É importante ressaltar que não adianta apenas controlar o uso do saleiro, mas também a quantidade de sal nos alimentos já processados como os enlatados e os embutidos.
As carnes vermelhas, além de serem consumidas geralmente bem salgadas, possuem muita proteína. Em excesso, esse nutriente tem o mesmo efeito do sal, ou seja, estimula a saída de cálcio pela urina. Essas mesmas proteínas favorecem o organismo a retirar mais cálcio dos ossos, tornando-os mais frágeis.
Frutas cítricas e exercícios físicos: armas contra as temíveis "pedras"
A laranja, o limão e as demais frutas cítricas possuem citrato que dificulta a atração entre as partículas formadoras dos cálculos. Portanto, chupar laranjas ajuda a inibir a formação de cálculos renais. Algumas pesquisas recentes têm mostrado também que a prática de exercícios físicos diminui a probabilidade de ganhar uma pedra nos rins. Pessoas sedentárias têm uma maior propensão ao problema, afirmam os especialistas.
Alimentos proibidos e permitidos
A maioria das pessoas com cálculos renais poderia reduzir o risco de nova ocorrência apenas aumentando a ingestão de líquidos (a ponto de excretar cerca de dois litros de urina por dia) e reduzindo a quantidade diária de proteína ingerida a um máximo de 50 gramas.
A melhor forma de reduzir a quantidade de proteína diária seria a redução no consumo de alimentos de origem animal. Entretanto, para aqueles que passam nesse exato momento pelo problema, é importante a adoção de uma dieta restrita em proteínas e oxalatos, até que tudo seja amenizado e volte ao normal. A seguir, listamos alguns alimentos proibidos e permitidos durante uma crise renal:
Alimentos proibidos
– Peixes e frutos do mar
– Gema de ovo
– Vísceras (fígado, coração, moela)
– Grão de bico, feijão, lentilha, soja
– Verduras como: escarola, agrião, brócolis, couve, espinafre, mostarda, nabo, pepino, acelga
– Beterraba, tomate, cebolinha, aspargos, aipo, alho-poró, berinjela, quiabo
– Frutas como: figo, ameixa, castanha, damasco, tâmara, uva passa, caqui, amora, tangerina, uva
– Café, chá preto, chocolate, groselha
– Gergelim, tremoço amarelo, germe de trigo, nozes, amendoim
– Melado de cana, pasta de amendoim
– Coalho de soja
– Salsa, pimenta
Alimentos restringidos
– Carne de vaca, aves ( 2 porções pequenas por dia)
– Leite (1/2 copo por dia, evitando os derivados)
Alimentos permitidos
– Clara de ovo
– Verduras, frutas e legumes (exceto os citados acima)
– Arroz, macarrão, batata, aveia
– Pães brancos, torradas, bolachas tipo água e sal
– Mel, sobremesa que não contenham leite
– Chá mate, erva-doce, camomila
– Maionese, óleos vegetais
– Margarina, geléia de frutas (exceto as citadas acima)
Recomendação importante
Ingerir no mínimo três litros de água por dia
Embora se saiba muito sobre as circunstâncias de formação de cálculos, os mecanismos ainda permanecem obscuros. Por exemplo: a urina normalmente contém substâncias químicas que inibem a formação de cristais, mas ninguém sabe porque estes inibidores não funcionam para todos. Tampouco se sabe porque se formam em alguns indivíduos, mas não em outros com as mesmas condições pré-disponentes.
Enquanto não tivermos explicações para tudo isso "drible a pedra de seus rins" praticando mais exercícios físicos, incorporando hábitos saudáveis no seu dia a dia, mudando a sua dieta, ou seja bebendo mais água, controlando o consumo de carne vermelha e sal.