por Lilian Graziano
Vivo bradando aos quatro ventos a minha Psicologia Positiva (PP), explicando que ela trata as emoções positivas cientificamente, com métricas para mensurá-las e seus efeitos em nosso comportamento e em nosso dia a dia.
Mas creio que muita gente ainda não sabe como exercer, de fato, essas emoções. Não se trata de bloquear os eventos negativos, como se não existissem, mas uma forma de exercê-las é tornar positivo cada gesto, palavra ou ação que assim puder ser.
Como exemplo, conto uma história de uma senhorinha conhecida minha, muito querida (já falecida), que costumava assistir à TV comentando tudo que via. Tornou-se corriqueiro para ela degradar as apresentadoras, as jornalistas, e até as figuras masculinas da telinha. Apenas faltava o assunto e criticar, de modo engraçado e criativo, preenchia essa lacuna. Com certa plateia (sim, o ser humano cultiva esse tipo de comportamento, é uma questão evolutiva, infelizmente), "descer a lenha" na roupa, na postura, na aparência e na fala dos interlocutores televisivos acabou virando rotina. Assistir à TV com a vovó significava ouvi-la, o tempo todo, fazendo maus comentários.
Reclamar e criticar vira hábito
O complicado foi quando isso se transferiu para o convívio familiar. Naquela casa nunca havia, na perspectiva dessa senhora, alguém bem-vestido o suficiente, bonito o suficiente, inteligente o suficiente… a coisa desandou. Assim como reclamar, criticar também vira hábito. E o divertido ficou chato, ofensivo, triste para todos – havia adolescentes na casa e então já se pode imaginar como ficou essa família.
Desvinculando um pouco a Psicologia Positiva do discurso do exercício do otimismo – a PP não é só isso, nem é pensamento positivo – volto meu olhar pra essas pequenas ações que podem fazer muita diferença no cotidiano.
Pensando bem, por que não podemos destacar, com (mais) frequência, o que de bonito vemos no amigo, no colega, no parente, as qualidades e pontos positivos dessas pessoas?
Imagine alguém com um dia ruim por N razões e, além de tudo, uma velhinha ranzinza lhe critica a roupa, o corte de cabelo, o jeito de falar? Os antigos lá de casa já diziam: nesses casos, se não há nada de bom a dizer, então não diga.
Como o cérebro reage aos pequenos hábitos negativos?
Começamos por assistir à TV, ler o jornal… e, sem pesar dois lados de uma história, acabamos pendendo sempre para o negativo. E nesse exercício diário fazemos nossos neurônios trabalharem contra nós, formando uma rede dessas células orientada para o olhar negativo sobre o outro, para os fatos e para tudo. É preciso prestar atenção aos pequenos hábitos, pois eles são um aprendizado neurológico importante. Na caixa preta de nosso cérebro faz toda diferença se damos ou não 'bom dia'- ou se perguntamos 'por quê?'- quando alguém nos deseja um.
E você, internauta que me lê neste momento? Tem bons ou maus hábitos? Pratica o olhar positivo e as emoções positivas? Se ainda não pratica, está em tempo de começar. Pense nisso.