por Sandra Vasques
Resposta: A homossexualidade é a expressão do desejo de uma pessoa em viver amor e sexo com pessoas do mesmo sexo. É uma das formas possíveis da orientação sexual das pessoas. As demais são a heterossexualidade, que é o desejo por pessoas do sexo oposto e a bissexualidade, o desejo tanto por pessoas do mesmo sexo como do oposto.
A orientação sexual faz parte de nossa identidade, não é uma escolha, é um fato. Não é uma doença, e não deveria ser alvo de tantos preconceitos, como ainda hoje vemos acontecer.
É preciso levar em consideração que existe muita falta de informação e às vezes por mais acessíveis que sejam os pais, podem não aceitar o fato por não entenderem como natural a homossexualidade. Por muito tempo, o que foi considerado normal e esperado era que meninos se apaixonassem por meninas e vice-versa, casassem e tivessem filhos. Mas hoje, não existe mais só esse tipo de família, que pode muito bem ser formada por duas pessoas do mesmo sexo, com ou sem filhos.
Falta de informação dificulta diálogo entre pais e filhos
Para mudar a realidade criada pela falta de informação, seria interessante começar a levar reportagens para os pais lerem ou promover conversas a respeito e durante as mesmas, além de conhecer o que a família pensa, já ir ampliando o conhecimento a respeito do tema e criando um ambiente propício para contar sobre si.
Religião, "cura" e culpa
Um outro fator que dificulta é a religião, que muitas vezes não aceita a homossexualidade como uma expressão normal do desejo de uma pessoa pela outra. Os pais, podem temer pelo filho e vão querer, achando que estão fazendo o certo, que o filho “se cure”. Em outras situações, os pais acham que erraram na educação e se culpam, achando que não criaram direito o filho, e inclusive acreditam que sofrerão com o julgamento de outros que o condenarão por esse erro.
Mas como já disse, a homossexualidade é tão somente uma forma de expressar o desejo, não é doença, não se trata de erro na educação, e não há como revertê-la.
O que é possível, e o que muitos homossexuais fazem, é esconder esse desejo, porque não querem lidar com o preconceito e o julgamento das pessoas. Mas isso pode ser muito difícil e ruim, pois a pessoa pode acabar sofrendo muito. Muitos pais amorosos, apesar de aceitarem a homossexualidae dos filhos, tornam-se mais tristes com medo do que os filhos podem sofrer por não fazerem parte da maioria heterossexual. E os filhos é que acabam se sentindo culpados.
Como contar para os pais?
Bem, isso vai depender de como são os pais. Se os pais estão sinceramente comprometidos com o objetivo de ajudar seu filho a encontrar os melhores caminhos na busca de sua realização pessoal, os filhos terão mais facilidade para falar de sua orientação sexual. Se forem pais agressivos, autoritários, que querem impor suas próprias crenças e desejos aos filhos, sem levar em consideração o que esses pensam e sentem, então pode complicar e muito.
Levando em consideração esta breve discussão, se você percebe que seus pais podem ouvi-lo e apoiá-lo, então será muito bom poder contar. Falar que percebe que sente vontade de estar com pessoas do mesmo sexo, e que gostaria que eles soubessem e o apoiassem em sua busca por um par, como fazem com os outros filhos ou como acontece em outras famílias em que os jovens são heterossexuais.
Se os pais puderem lidar com a homossexualidade dos filhos, superando seus próprios medos, inseguranças e frustrações, com certeza estarão contribuindo para a felicidade e realização pessoal de seus filhos. Mas se os pais não forem mesmo acessíveis e o fiho perceber que contar vai trazer muito mais dificuldades e impedimentos para que ele tenha uma vida amorosa e sexual gratificante, seria bom avaliar e buscar alternativas como uma outra pessoa da família, um outro adulto que seja de confiança e que possa apoiá-lo. E quando estiver mais crescido, tomando conta da própria vida, escolher se quer ou não contar para os pais e enfrentar o que vier.
O importante é não deixar de viver os desejos do jeito que eles se expressam, com responsabilidade consigo e com o outro, e não abrir mão de ser feliz.