E-mail enviado por uma leitora:
“A criei para ser princesa e parece castigo ela só arruma traste um pior que o outro é desafiador para mim como mãe ver essa situação.”
Resposta: Certamente você mãe, como todas as mães, tem em seu imaginário a filha que gostaria de ter. No seu caso, a princesa. Só que princesas, nos dias de hoje, só servem de modelo para meninas pequenas que as acham visualmente lindas. Porque cabeça de princesa, submissão ao amor de um príncipe, viver, simbolicamente, encarcerada num castelo por mais bonito que seja, será que alguma mulher quer encarar? Princesas estão dando lugar a mulheres mais conscientes, que querem a liberdade de viver suas aventuras, a liberdade de levar seus tombos e crescer através deles…
Assim, mãe, vamos pensar juntas: será que o melhor modo de ajudar sua filha é impedindo que ela tenha suas experiências e aprenda a discernir quem é traste e quem não é? Ou seria melhor ela levar seus tombos até entender que tipo de parceria amorosa ela deseja? Sim, você como mãe tem mais experiência do que ela e provavelmente é capaz de enxergar aspectos que ela ainda não enxerga. Mas já pensou na hipótese de ela querer apenas conhecer vários tipos de homem antes de mergulhar num relacionamento mais profundo? Já pensou que, do ponto de vista afetivo, o que é traste para você pode não ser para ela? Já pensou que se os trastes que ela arranja só querem se aproveitar dela, ela também pode estar se “aproveitando” deles para ganhar experiência? Sim, antes de ficar tão preocupada com as experiências de sua filha, apoie-a, ouça-a, se ela quiser falar, e cale-se se ela quiser ficar remoendo suas experiências sozinha.
Educar nos dias de hoje não é fácil
Educar uma filha nos dias de hoje não é tarefa fácil. Antigamente educava-se para casar, ter filhos, formar família. Hoje educa-se para que saiba ser versátil e encarar um mundo que está se transformando rapidamente. Sim, a cada geração os objetivos mudam, os valores mudam, os projetos mudam. Nada garante que sua filha vai querer casar e formar família; nada garante que ela viverá no lugar que nasceu; nada garante que sua residência será fixa; nada garante que terá um parceiro para a vida toda.
Hoje as mulheres podem optar, e essa é uma conquista que levou séculos para ser alcançada. Nesse sentido procure não tirar de sua filha algo conquistado através da luta de muitas gerações. Lembre-se que você, sua mãe e sua avó, provavelmente, fizeram parte dessa luta de cujos resultados sua filha pode usufruir. Talvez ela ainda não saiba fazer as escolhas amorosas mais adequadas, mas é importante que ela saiba se erguer com dignidade dos tombos que certamente levará.
Papel de mãe
Talvez seu papel de mãe, neste momento, seja apenas o de ajudá-la a aprender como se levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima; ensiná-la a recomeçar do zero quantas vezes for necessário; mostrar a ela que relações amorosas não devem ser avaliadas pelo tempo que duram, mas pelo significado que acrescentam. Porque num mundo de transformações tão rápidas, nenhuma fórmula de sucesso dura muito tempo. E é nesse mundo que sua filha vive.
Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.