por Dr. Joel Rennó Jr.
Para o casal, a gravidez é um período de adaptações. São adaptações em todos os sentidos; adaptações físicas, emocionais, existenciais e também sexuais. É importante ressaltar que a necessidade de adaptação não afeta só a mulher nessa fase, mas também o homem.
O nascimento de um filho envolve inúmeras sensações. Nesta fase, o casal pode experimentar novos sentimentos, pois é uma fase que exige do casal um reposicionamento em termos de: planejamento, produção, maturidade, sexo e outros.
É nessa fase que surgem para ambos uma série de sentimentos ambivalentes provocados por esse pequeno ser. Esses sentimentos independem do fato do feto ser ou não desejado e/ou planejado. Esses sentimentos são muito pertinentes e comuns nessa fase, pois se trata das fantasias psíquicas com relação aos novos papéis ocupados na relação. O casal precisa se reestruturar novamente, negociar papéis, funções, planejar a vida econômica. Agora as demandas no relacionamento são outras.
A sexualidade da mulher na gravidez dependerá, entre outros motivos, de como ela se percebe, se avalia e se valoriza nessa fase. Enfim, dependerá grandemente de sua auto-estima. Sentir-se amada e atraente, além da realidade dos fatos de estar sendo, de fato amada e de ser, de fato atraente, além dos esforços de seu companheiro em deixar claro seu sentimento por ela, depende decisivamente de sua auto-estima e, conseqüentemente, de sua afetividade.
Pelo lado prático, outro fator que deve ser levado em conta, é a posição com que o coito é realizado. Para que se torne prazeroso, é necessário encontrar o modo e a posição mais cômoda e agradável. Cabe à mulher, procurar essa posição, pois é ela que está com o corpo modificado. Muitas vezes, o tamanho avantajado da barriga na gravidez avançada torna mais difícil ainda esta ou aquela posição.
Fatores que influenciam o desempenho sexual do homem
No 1º trimestre, não é raro haver uma perda de desejo sexual por parte das mulheres. Uma primeira fase de contentamento cega as demais sensações, além das mudanças iniciais do corpo e dos genitais. A mulher volta-se para o planejamento de uma vida agora familiar e não mais apenas de casal. Existem algumas fantasias de causar o aborto nessa fase, o que pode contribuir para a diminuição do desejo no casal, além de desconfortos comuns como náuseas.
O 2º trimestre é demarcado como uma volta do desejo feminino ao normal, ou até mesmo de maior intensidade. Algumas mulheres relatam que nessa fase, o desejo foi o mais intenso de suas vidas, sentindo-se muito atraentes e felizes. Para o homem, pode haver o primeiro impacto ao perceber, de fato, a gestação de sua esposa, pois nesse período a barriga torna-se mais aparente.
O 3º trimestre apresenta maiores desconfortos, principalmente após o oitavo mês. A freqüência urinária pode aumentar e a barriga muda o centro de gravidade da mulher, tornando-a um pouco mais desajeitada ao caminhar. As fantasias voltam, agora de serem flagrados e espiados pelo feto durante a relação sexual. Alguns homens temem bater na cabeça do bebê com o pênis durante a penetração. As posições assumidas no ato sexual vão se restringindo mais, havendo preferência pela posição 'de ladinho'. A ameaça de aborto é temida, bem como complicações de parto prematuro. Os casais ficam mais reticentes em buscar atividade sexual, e alguns até mesmo se abstêm.
É muito importante, portanto, que o casal esteja unido, ou seja, respeitando, apoiando e compartilhando as dúvidas e conflitos que possam aparecer neste momento. Conversar abertamente com o médico obstetra que faz o acompanhamento pré-natal pode ser fundamental para esclarecer dúvidas e incertezas incidentes neste período.