Como funciona a digestão; entenda

Os principais atores do processo digestivo são: boca, estômago, intestino delgado e cólon

Todos os organismos vivos precisam consumir nutrientes para crescer e sobreviver. Os componentes nutricionais são muito complexos para uso imediato e devem ser quebrados em compostos mais simples, que podem então ser absorvidos pelo corpo. Esse processo, chamado de digestão, é catalisado por enzimas endógenas (feitas pelo próprio corpo) ou produzidas pela nossa microbiota (a população microbiana que habita o aparelho digestivo). Numerosos tipos de células, como células musculares lisas, neurônios e células enteroendócrinas, estão associados a células glandulares e células intestinais para promover o processo de digestão.

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As quatro etapas da digestão

A digestão humana pode ser separada em quatro grandes operações unitárias:
1 – processamento oral para reduzir o tamanho das partículas e facilitar a produção do bolo alimentar.
2 – processamento gástrico para iniciar a quebra química e enzimática do bolus.
3 – processamento no intestino delgado para quebrar macromoléculas e absorver nutrientes; aqui entram dois ajudantes para processar o bolus: pâncreas e fígado.
4 – fermentação e remoção de água no cólon (intestino grosso).

Enzimas

As principais estruturas produtoras de enzimas do sistema digestivo humano são as glândulas salivares, estômago, pâncreas, fígado e intestino delgado. A saliva produz amilase, digerindo o amido em maltose. O suco gástrico contém pepsina (uma protease) e ácido clorídrico, que atuam nas proteínas deixando-as pré-digeridas. O suco pancreático consiste de proteases (tripsina), lipases e amilase, e digere proteínas, gorduras emulsificadas pela bile e amido, formando peptídeos, aminoácidos, ácidos graxos, glicerol e maltose.

Enzimas presentes no intestino delgado são as peptidases, sucrase, lactase e maltase, cuja função é quebrar peptídeos em aminoácidos, e dissacarídeos em glicose, frutose e galactose. A bile produzida pelo fígado é rica em sais biliares, que emulsionam os glóbulos de gordura em gotículas.

Pâncreas e fígado

A estimulação do pâncreas após uma refeição aumenta o fluxo de água, de bicarbonato (para neutralizar a acidez gástrica) e de grande volume de fluido alcalino (produção de 1,5 litros diários), rico em enzimas que digerem gorduras, amidos e proteínas. O fígado pode produzir até 1 litro de bile por dia. A bile fica armazenada na vesícula biliar e é liberada após uma refeição, e sua função é emulsionar gorduras e vitaminas lipossolúveis no intestino, facilitando a sua absorção. Tudo isso é controlado por mecanismos hormonais e neuronais. E os principais hormônios regulatórios são secretina e colecistoquinina, ajustando a entrada de preciosas enzimas pancreáticas e do suco biliar no duodeno.

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Plexos neurais

As paredes do canal alimentar contêm uma variedade de sensores neurais que ajudam a regular as funções digestivas. Estes incluem receptores que são capazes de detectar estímulos mecânicos, químicos e osmóticos. Por exemplo, os receptores detectam quando a presença de alimentos faz o estômago expandir, se as partículas alimentares foram suficientemente quebradas, quanto líquido está presente e o tipo de macronutrientes nos alimentos (lipídios, carboidratos, proteínas).

Hormônios

Com a ajuda de hormônios específicos, são enviadas as mensagens que ativam as glândulas, que secretam sucos digestivos no lúmen, ou a contração dos músculos dentro do canal alimentar (peristalse), movendo os alimentos ao longo do trato intestinal. Esses hormônios gastrointestinais, como gastrina, secretina, colecistoquinina, peptídeo inibidor gástrico, motilina e outros, são secretados por células especializadas localizadas na mucosa do estômago e do intestino delgado.

A máquina humana

O processo digestivo depende da atividade de diversos órgãos, microbiota, enzimas, hormônios e plexos neurais. A complexidade e o encadeamento perfeito desses atores e ambientes de digestão são uma verdadeira maravilha do metabolismo humano. Para ajudar essa máquina fantástica é essencial comer alimentos saudáveis, tomar muita água, fazer exercícios com regularidade, evitar drogas, cigarro, excesso de álcool.

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Lembre-se: se você maltratar seu corpo, um dia ele vai ficar doente – o organismo aguenta muitos ‘insultos’ durante a vida, mas em algum momento o preço será cobrado.

Bibliografia
*Stat Pearls 2021. Gastrointestinal Physiology.
*Hostos CC Library 2020. Digestive System Processes & Regulation.
*Cell Tissue Research 2019. Structure & evolution of the digestive system.

Médica especializada em Nutrologia. Membro da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia. Pós-graduada em Terapia Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia. Membro Titular da Sociedade Médica Brasileira de Intradermoterapia. Consultora com atuação em Nutrologia e Medicina Ortomolecular. CRM 52 301716 www.tamaramazaracki.med.br