por Elisandra Vilella G. Sé
A memória e a linguagem inter atuam como processos cognitivos, isto é, como processos de conhecimentos, porque a linguagem não é somente um instrumento de comunicação, ela é um instrumento socializador, um mediador das relações entre o ser humano e o mundo.
A linguagem é uma representação mental e simbólica das coisas no mundo. Nosso aprendizado, nossa percepção do mundo é simbólico. O tempo todo fazemos acordos simbólicos. Somos seres simbólicos. É a capacidade simbólica da linguagem que nos permite interpretar, arquivar, organizar e categorizar o que aprendemos.
Linguagem e memória são duas formas constituídas de conhecimentos. Uma função não vive sem a outra. Tudo o que está conservado na memória ocorre por meio da linguagem e suas práticas sociais e interativas. A linguagem é responsável pela construção dos nossos conhecimentos e ao mesmo tempo ela é conhecimento. Nós reconstruímos discursivamente a memória com nossas práticas. Tudo o que temos armazenado na memória está armazenado em forma de texto, em forma de discurso. Temos uma memória textual. O ser humano tem a necessidade de organizar as coisas no mundo para sua sobrevivência. A linguagem é que ajuda a arquivar as informações, organizar o saber, o pensamento.
Colocamos à prova nossa memória quando vamos enunciar algo, falar sobre algo. Nossa capacidade de memória está exposta ao dizível. A linguagem entra em ação também no momento em que recordamos um evento, uma informação, um fato, ao evocar uma palavra ou usar uma estratégia cognitiva para realizar uma tarefa, porque estamos sempre utilizando os conhecimentos verbalmente, escrito ou não.
E todo nosso arquivo tem a ver com o que é relevante e significativo para recordar, evocar, falar e usar. A linguagem permite atribuir significados para o que definimos como lembrança ou como esquecimento. É o subjetivo da memória. Por isso é nem todas as pessoas têm a mesma forma de consolidar as informações. Não existem coincidências entre os seres humanos para processar informações, devido aos significados simbólicos, emocionais e motivacionais que atribuímos ao nosso aprendizado, às nossas práticas, atividades ou tarefas.
O processamento da memória também é um processamento linguístico. Nosso raciocínio não é só lógico, também é discursivo. A linguagem instrumentaliza a memória. Memória precisa da linguagem porque ela é construção ativa do pensamento e não mero registro passivo de acontecimentos que ocorrem numa ordem cronológica. E o pensar é verbalizar internamente.
A forma de o pensamento ser é dialogar. Muitas vezes nos vemos falando assim: "estou pensando comigo mesmo". Lembrar de tudo que está armazenado em forma de experiências na sua mente é reconstruir discursivamente seu estoque de conhecimentos.
Também conhecemos o outro, compreendemos a opinião do outro e a história de vida do outro pelo discurso. Se não fosse o explicar do outro, o explicitar as experiências em forma de palavras e significados, em forma de narrativas e reminiscências não temos como conhecer o outro. Narrativas são memórias, são comportamentos verbais. Memória e linguagem quando se aproximam significa identidade. Por isso é que nossa história de vida, nossas experiências conservadas e narradas é nossa identidade. Revelar algo que está memorizado é nomear, presentificar o passado, gloriar o presente e o futuro, expor uma vivência ou um fato por meio do comportamento narrativo. "Recordar é reviver".
Uma atividade excelente para exercitar a memória e a linguagem é a leitura e a escrita. Nunca existirá um hábito e exercício de aprendizado e consolidação de conhecimentos melhor que a leitura. Não existe ainda nada que a substitua. Os principais exercícios para estimular a memória são nossas práticas sociais, domésticas, morais, religiosas, etc… , sobretudo, práticas com linguagem oral e escrita. Na memória existe linguagem. Se você entende a língua você entende o mundo.
Estratégias para bons hábitos de leitura
– Prepare-se para o tipo de leitura que vai fazer.
– Aumente seu vocabulário.
– Mantenha a atenção para a compreensão das frases, nas ideias do texto.
– Durante a leitura faça pausas, procurando retomar a compreensão do que acabou de ler.
– Concentre-se na leitura que está fazendo.
– Faça uma auto-análise de suas dificuldades de leitura para se aperfeiçoar.
– Não se preocupe se não chegar á leitura assimilativa com rapidez, porque existem níveis de leitura.
– Escolha o tipo de leitura de acordo com a velocidade e o material que for ler.
– Fixe as metades significativas das palavras.
– Tenha sempre por perto um bom dicionário.
– Leia num lugar com bastante claridade, iluminação, conforto e tranquilidade.
– Não é recomendado ler à noite na cama, porque só serve para chamar o sono.
– Ler num ambiente silencioso é melhor do que ler num ambiente em que ocorrem várias coisas ao mesmo tempo.
– Não é recomendado ler em veículo em movimento.
– Evite ler com a luz do sol batendo direto em você. Providencie um móvel de forma que este esteja posicionado para a claridade da luz natural.
Para estimular uma escrita eficaz
– Escolha do tema ou assunto, o título será o seu roteiro.
– Organize as ideias e resuma as principais.
Elaboração de um plano ou projeto
– Perguntar "A quem?" "O quê?" "Por quê?" e " Como?".
– Domine o assunto, a comunicação escrita envolve conhecimento de mundo;
– Obedeça às regras gramaticais;
– Preocupe-se com a grafia;
– Procure ter clareza e objetividade na mensagem evitando uma linguagem obscura;
– Seja preciso para que o outro compreenda o que você quer passar. Texto é dividir opinião e espaço com o leitor.
Utilize fontes que deixem seus argumentos consistentes.
– Agrade o leitor com um bom vocabulário, não muito rudimentar nem tão diferenciado.
– Dependendo da função da mensagem utilize figuras, fotos, desenhos, quadros para deixar a mensagem mais atraente.
– Para comover o leitor elabore mensagem com emoção, poesia e humor, tornando-a mais agradável e prazerosa;
– Evite confusão, desinformação, e informações desnecessárias.
– O tempo do leitor também é precioso, evite rodeios.
– Procure ter clareza de sentido.
– Não iniciar períodos ou parágrafos com a mesma palavra.
– Evite as gírias e os jargões;
– Procure formas elegantes e criativas de escrever a mesma coisa sem cair na repetição cansativa. Faça com que o seu texto fale. O sentido de um texto é construído na interação.
– Use pequenas palavras para grandes ideias.
– Cuidados com a exposição de fatos e opiniões. O texto tem que dar a possibilidade de o leitor criar um mundo textual que pode ou não concordar. Texto não deixa de ser conversa.
– Faça com que cada palavra tenha a sua função no texto;
Ao escrever mensagens com objetivo administrativo, como cartas, e-mails, carta circular, relatório, notificação, ofício, boletin, etc…, confirme os nomes das pessoas, seus cargos, os números, datas, horários, etc;
Após terminar o que escreveu, faça correções, releia tudo e o que precisar reescrever, reescreva.
Nunca escreva o que você não diria.
Como escrever uma autobiografia
– Use verbos ativos e não passivos;
– Use todos os sentidos.
– Conte histórias e dê exemplos.
– Escreva o máximo que puder.
– Não só conte a história, mostre-a, pinte um quadro com palavras. O contexto precisa ser explicitado na escrita.
– Use detalhes e evite informações muito abstratas.
– Dispense detalhes irrelevantes.
– Escreva bastante sobre o lado emotivo das coisas. Chegue na essência.