por Danilo Baltieri
"Tomo o Dalmadorm ® há mais de dois anos, preciso deixá-lo, estou tomando 1/4 do comprimido de 30 mg, mas está sendo difícil. Sinto muita dor de cabeça, lentidão, apatia, irritabilidade e acordo várias vezes à noite. Estou sem plano de saúde por isso não estou tendo acompanhamento médico. Quero largar e vou conseguir, mas preciso de orientações. Tenho 35 anos, sou casada e tenho dois filhos. Comecei a tomá-lo por excesso de trabalho e estudo."
Resposta: Dalmadorm ® é o nome comercial da medicação Flurazepam, da classe dos benzodiazepínicos. Diazepam, Clonazepam, Alprazolam, Cloxazolam, Bromazepam são exemplos de outras medicações desta classe.
Embora sejam medicações úteis no tratamento de vários quadros clínicos, a prescrição das mesmas deve sempre ser realizada por médico e o acompanhamento do paciente que as toma deve ser rigoroso.
Estas medicações não devem ser autoadministradas sem o acompanhamento de um médico habilitado, sob quaisquer pretextos. Nas situações onde o indivíduo faz uso dessas medicações sem o rigoroso acompanhamento médico, os riscos para o desenvolvimento de complicações advindas do uso aumentam. No entanto, mesmo quando estas medicações são prescritas por médicos sem um adequado acompanhamento clínico, elas podem induzir quadros de dependência.
No Brasil, estima-se que cerca de 3,3% da população entre 12 e 65 anos de idade faz uso de benzodiazepínicos sem prescrição médica. Nos Estados Unidos da América, cerca de 6% da população adulta faz uso de benzodiazepínicos sem receita médica.
De fato, a maioria das pessoas que faz uso de benzodiazepínicos está procurando alívio da ansiedade ou indução do sono. No entanto, após o consumo crônico dessas substâncias, essas mesmas pessoas podem estar fazendo uso dessas substâncias para evitar sintomas relacionados com a falta da medicação (sintomas de abstinência). Por isso, a prescrição dessas medicações deve ser sempre criteriosa.
Por outro lado, os benzodiazepínicos são comumente utilizados por indivíduos portadores de outros quadros de dependência química. Indivíduos com síndrome de dependência ou abuso de cocaína ou anfetaminas, frequentemente, fazem uso de benzodiazepínicos como uma forma de aliviar os sintomas de intoxicação causados por estas drogas estimulantes.
Já os indivíduos com síndrome de dependência de álcool, opioides (heroína, oxicodona, morfina, meperidina etc.) ou outras drogas, infelizmente, muitas vezes, fazem uso de benzodiazepínicos para obter melhora dos sintomas das síndromes de abstinência provocadas pela redução ou cessação abrupta do uso das drogas primariamente abusadas.
Sintomas relacionados à falta do uso de benzodiazepínicos entre usuários crônicos que reduzem ou cessam abruptamente seu uso:
– Ansiedade;
– Tremores de membros superiores;
– Pesadelos;
– Náusea;
– Insônia;
– Alteração na pressão arterial;
– Confusão mental (especialmente em idosos);
– Crises convulsivas;
– Aumento da temperatura corporal.
De fato, os indivíduos portadores de dependência fisiológica, abuso ou mesmo de síndrome de dependência de benzodiazepínicos consistem em uma população bastante heterogênea. Existem tratamentos e estratégias específicas para cada um desses quadros, mas muitas vezes as abordagens precisam ser adequadamente individualizadas, observando as características de cada paciente.
Você deve conversar pessoalmente com um médico, explicar os sintomas que você apresenta quando da interrupção da medicação e os motivos relacionados com a prescrição inicial deste tratamento. Seguramente, o médico irá avaliar o seu caso, firmar o diagnóstico e propor um tratamento eficaz.
Algumas medicações podem ser necessárias para ajudar você a abandonar o uso do benzodiazepínico. Isso não significa "trocar uma dependência por outra". Isso significa que para deixar de usar esse tipo de medicação, você precisa aliviar os sintomas de abstinência fazendo uso de outras medicações por algum tempo.
O acompanhamento correto com profissional médico é fundamental para o sucesso terapêutico.
Você menciona não possuir convênio médico. Você deve procurar médico nas Unidades Básicas de Saúde.