Como lidar com meu marido ‘mão de vaca’?

E-mail enviado por uma leitora:

“Estou com meu marido faz seis anos e temos uma filha de três anos. Eu trabalhava de carteira assinada. Agora parei de trabalhar por causa da minha filha. Hoje trabalho em casa com venda de doces; pago água, luz, internet minhas coisas e as coisas da minha filha. Sempre que peço algo a ele, tem que ser sempre chorando… Ele até compra, mas tem que ser o mais barato do barato. Ele trabalha de carteira assinada, ganha bem, mas fora do salário dele, não gasta um real com alimentação pra casa. O vale-alimentação dele é bem gordo e dá pra todo o mês. Pedi dinheiro emprestado e ele me emprestou, mas o problema é que ele fica só me cobrando: “me da até tal dia”; “tem que me pagar”.  Nos só brigamos, estou desistindo a ponto de acaba tudo com ele. Eu faço o que posso. Não tenho salário como ele. O que posso fazer?”

Continua após publicidade

Resposta: Primeira pergunta a ser feita: você largou seu emprego por vontade própria, certo? Quando tomou essa decisão conversou com seu marido sobre como seriam divididas as despesas, ou o assunto não foi discutido?

Bem, se o assunto não foi discutido, você arriscou ficar numa situação de dependência parcial. Como você ganha algo com seus doces, parece que resolveu pagar contas de casa, “suas coisas” e “coisas de sua filha”. Mas não se sente confortável nessa situação e acha que seu marido deveria suprir suas outras necessidades sem tanta resistência.

Bom, vamos à segunda pergunta: quando você se casou com ele não sabia dessa característica mais “ mão de vaca” dele? Ele dava tudo o que você pedia? Muito provavelmente não, não é? Então, o que está acontecendo é bastante previsível, afinal, ninguém muda suas características essenciais…

Mas, a situação está aí e você tem que lidar com ela. A primeira coisa a ser feita é rediscutir com seu marido as despesas em comum. É importante encontrar um parâmetro que pareça justo para vocês dois. Por exemplo: dividir despesas proporcionalmente ao que cada um ganha? Dividir meio a meio? Fazer uma lista e, a cada mês, como você não tem salário fixo, discutir a questão? Não existe fórmula pronta, existe o que vocês combinam. E se continuarem sem rediscutir a questão as brigas não cessarão.

Continua após publicidade

Dinheiro emprestado  

Quanto a pedir dinheiro emprestado, a questão também deveria envolver um combinado. Você se comprometeu a devolver o dinheiro dentro de um certo prazo? Ou ele “emprestou” e você achou que iria ficar por isso mesmo e ele não cobraria? Mais uma vez, provavelmente, temos uma situação mal combinada que gera em você expectativas que dificilmente se realizarão. Não, você não se casou com a pessoa mão aberta que te daria tudo o que você quisesse. Você casou com uma pessoa que, provavelmente, tem uma série de qualidades, mas não é mão aberta. E nunca será.

Assim, depois de rediscutir a divisão de despesas, dependendo do resultado, pense bem se vender doces proporcionará a você um rendimento que você julga suficiente para evitar brigas. Sim, trabalhar por conta própria requer muito planejamento, pois cada mês é diferente do outro. É preciso poupar dinheiro para os meses de baixo lucro; é preciso planejar a expansão do negócio; é preciso não desistir frente às primeiras dificuldades. Enfim, é um trabalho bem diferente do que o trabalho com carteira assinada. Avalie então se você está pronta para encarar esse desafio de ser uma profissional liberal. Se estiver, vá em frente. Se julgar que não tem perfil para isso, volte a procurar um emprego, agora que sua filha já cresceu um pouquinho. Em qualquer uma das duas decisões, lembre-se que você só terá autonomia sobre o dinheiro que for seu. Se seu marido ganha mais, ele tem o direito , divididindo as despesas em comum, de lidar com o dinheiro dele do jeito dele. E, claro, você terá direito sobre o seu. Sem ter que implorar ou chorar. Essa é a melhor forma de lidar com a situação caso o problema entre vocês seja apenas financeiro. Agora, seria bom você  repensar seu casamento como um todo pois a questão financeira pode ser apenas uma desculpa para problemas conjugais mais profundos . Avalie com cuidado antes de tomar sua decisão.

Continua após publicidade

Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.