por Arlete Gavranic
Famílias enfrentam problemas de abuso sexual nas escolas. As formas de abuso feitas por garotos (as) são: agressão física, exposição de genitália para colegas, coerção por meio de ameaça e represália física ou moral por meio de chacotas e palavrões para não delatar o abuso.
Por isso, família e escola precisam urgentemente se preparar para educar, orientar e impor limites. Infelizmente, parte dos pais e escola ainda acreditam que dizer não ou punir através de regras e sanções, a quem não as cumpre, seja difícil, ou possa ser repressão. Muitos ‘psicologizam’ que pode fazer mal, mas pior é a ausência de limite.
Por que ocorrem casos de abuso?
As primeiras noções e valores associados à sexualidade ocorrem no ambiente familiar através do comportamento dos pais entre si, na relação com os filhos (carinhosa, correta ou agressiva), no tipo de recomendações ou na ausência dessas, e até nas expressões faciais, gestos e proibições incorporados desde a infância.
A sexualidade está cada dia mais presente na vida de nossos filhos: na TV, na Internet, na moda, nas relações de casa, da escola, dos condomínios, etc.
Muitas famílias ainda vêem a permissividade e até a estimulação para a eroticidade de seus filhos – do sexo masculino-, como algo “natural”. É por isso que muitos ainda deixam revistas pornográficas disponíveis, liberam canais eróticos da TV paga e não colocam restrição a sites pornográficos. Eles pensam que ao estimular a eroticidade de seus filhos, podem evitar a possibilidade de homossexualidade.
Há crianças, ou melhor, pré-adolescentes que por erotização excessiva, por falta de uma estruturação de “superego” – componente da personalidade que introjeta valores e normas na visão psicanalítica -, cometem comportamentos abusivos.
A educação sexual é obrigatória nas escolas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB nº. 9.394 de 20/12/96. E há 10 anos é obrigatória pelo Ministério da Educação. O objetivo é preparar as pessoas de forma saudável e segura para o exercício da sexualidade.
Mas isso não significa estimular a precocidade da sexualidade como alguns tentam aludir, mas trabalhar a idéia de sexualidade relacionada ao afeto, respeito, cidadania, melhorando a auto-estima e a segurança de jovens para escolhas mais sensatas e protegidas de riscos. Inclusive, evitando casos de abuso ou exploração sexual.
Mas infelizmente essa obrigatoriedade não tem sido respeitada.
O abuso sexual não ocorre só em escolas de periferia. Acontece também em escolas com mensalidades salgadas que chegam a R$800,00.
Procure prestar atenção no comportamento de seu filho. Se há mudança ou instabilidade de humor, se ocorre rejeição para ir à escola sem causa específica.
Esteja próximo de seu filho para que ele sinta confiança em contar, caso ocorra algo estranho, pois tais abusos deixam seqüelas para sua vida afetiva e sexual no futuro.
Nem sempre escolas e professores estão preparados para perceber esses casos ou tomar atitudes pontuais na colocação de limites e indicação de tratamentos.
Esse despreparo é devido a vários fatores: escola não é clínica de recuperação; falta de consciência das seqüelas de atos desse tipo; questões mercadológicas; onipotência da coordenação da escola em achar que dará conta de resolver tudo ou até por desconsiderar efetivamente as queixas de alunos.
Procurar apoio nas coordenações das escolas é um caminho, mas se não for suficiente, procure a Delegacia de Ensino e o Conselho Tutelar para saber como proceder.
Proteja seu filho para que ele não carregue pela vida a sensação de que ser ‘abusado’, ameaçado ou subjugado sejam coisas naturais da vida.