Como lidar com o alto nível de estresse?

por Joel Rennó Jr.

"Tenho 37 anos e sofro cada vez que passo por uma situação de grande estresse. Começa com um suor incontrolável, minhas mãos ficam geladas e suam frio, me dá falta de ar, minha respiração encurta, sinto dores no peito e nas costas devido ao esforço que faço para respirar. Tenho vontade de sair correndo ou tenho a sensação de que algo ruim irá acontecer. Tento me controlar mas não consigo, sinto um nó na garganta e dificuldade para respirar sempre que passo por uma situção dificil ou estressante; o que só melhora após o problema resolvido. Ultimamente, percebo uma maior frequência desses estados de mal-estar e angústia. Por favor me ajude."

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Resposta: Na atualidade, quaisquer sintomas como ansiedade, depressão, desânimo, cansaço, irritabilidade, insônia, falta de ar, tonturas, náuseas e vômitos, formigamentos em extremidades, sensação de nó na garganta e dores generalizadas pelo corpo, além de falta de atenção e prejuízos de memória, viraram sinônimo de estresse.

O termo estresse vem sendo usado perigosamente e de forma generalizada. Motivos para estresse não faltam: violência nos centros urbanos, trânsito caótico, competições agressivas no ambiente de trabalho, cobranças excessivas e desproporcionais de superiores, desemprego, dívidas, impostos absurdos, conflitos familiares, doenças, entre outros.

Há vários estágios e graus diferentes do nível de estresse. Há o estresse agudo e o crônico. O problema do estresse é quando ele não é controlado satisfatoriamente por mudanças ou medidas simples, causa grande disfuncionalidade e sofrimento. Há também a necessidade de uma ampla investigação clínica (algumas doenças como disfunções tireoidianas podem dar sintomas semelhantes) e psiquiátrica para o diagnóstico diferencial com transtornos de ansiedade e depressão. O *subdiagnóstico psiquiátrico ainda é muito comum e isso pode gerar sérias consequências aos pacientes e seus familiares.

Medidas para combater o estresse ou "receitas de bolo" não faltam nas notícias da imprensa. Alguns conselhos como: "equacione melhor o seu tempo", "desenvolva melhor a autoestima", "faça atividades físicas aeróbicas e tenha uma alimentação saudável", "pratique atitudes altruístas", "faça ioga ou meditação" sempre são recomendadas.

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Claro que tais sugestões ajudam a melhorar o nível de estresse, mas para muitos pacientes demonstram-se insuficientes ou limitadas. Temos estudos genéticos que demonstram claramente que as pessoas diferem quanto à vulnerabilidade ao estresse gerado por fatores ambientais. Há também fatores subjetivos que podem causar estresse, apesar de não haver aspectos ambientais desfavoráveis ou negativos (alguns tipos de personalidade podem aumentar a vulnerabilidade ao estresse). Portanto, precisa haver um plano preventivo ou terapêutico individualizado, sem soluções universais para todos.

A avaliação psiquiátrica é importante pela questão do diagnóstico diferencial entre doenças clínicas ou psiquiátricas. O limite entre estresse e transtorno mental é mais tênue do que as pessoas imaginam. Trabalhar a parte cognitiva, ou seja, a forma como as pessoas reagem perante a estímulos estressores, tentando buscar alternativas aos pensamentos negativos perante às situações catastróficas também ajuda. Álcool, cigarro e ansiolíticos (calmantes) são armadilhas perigosas e traiçoeiras que as pessoas costumam utilizar para combater o estresse diário. É muito comum as pessoas usarem tais substâncias para se sentirem relaxadas-o que no longo prazo só leva a sérios prejuízos.

* Usamos o termo subdiagnóstico em medicina quando o número de diagnósticos é menor do que o de doenças. Esse número deve ser igual. Ou seja: na prática, há a falta de diagnósticos corretos.

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Atenção!

Esse texto e esta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um médico psiquiatra e não se caracterizam como sendo um atendimento.