O primeiro passo para poder lidar com o medo de ser traída, é ressignificar crenças generalizadas vindas dos ditos populares em relação ao comportamento dos homens; entenda
E-mail enviado por uma leitora:
“Boa Noite. Tenho problema de me relacionar com os homens. Acredito que seja muito em função de já ter sido traída e largada; e do meu pai também ter traído e largado minha mãe. Eu vejo que às vezes cobro demais do meu par, tentando impedir que o pior aconteça, mas eu acabando afastando o cara. Como faço para perceber quando a atitude de um homem é sinal de traição? E se mesmo assim a situação me incomodar, como devo agir? Já que se eu falo, na visão deles, eu estou sendo neurótica.”
Resposta: Muito interessante você associar o que aconteceu na sua história de vida no passado, com suas relações amorosas hoje. Acredito que realmente isso possa ser a raiz do problema, essa dificuldade em confiar em homens. Talvez a psicoterapia possa te ajudar, e muito, com essas questões.
O que pode acontecer é que quando você entra na relação amorosa, já tem uma crença de que será traída e largada. Logo, não adianta fazer nada, porque o final sempre vai ser o mesmo (no seu pensamento), e assim virá uma cadeia de relações que não darão certo, já que você mesma diz que cobra muito e seu par acaba se afastando.
Gostaria de frisar aqui que a pessoa que trai, tem esse comportamento porque decide tê-lo (a não ser que tenha algo patológico), e normalmente justifica a traição por alguma situação que o outro coloca ou vive. Porém, existe a escolha, você pode ou não trair, e quando opta por trair, a responsabilidade é integralmente sua e não da relação. Tem gente que diz que trai porque a relação não está boa, ou então porque foi o acaso, ou até um acidente. Mas trair é na maioria das vezes uma escolha.
Primeiro passo para lidar com a questão
A primeira dica, é quebrar aquele dito popular: “Todos os homens são iguais.” Eles não são todos iguais e nem as mulheres são todas iguais. Se fosse assim, tanto faz você ficar com o Luiz ou o Antônio, já que todo mundo é igual.
O mesmo vale para outros ditos populares, que podem virar crenças: “Nenhum homem presta”; “O que ele não tem em casa vai buscar fora” e assim por diante.
Esses pensamentos e frases falamos todas às vezes que uma relação não dá certo. Fica mais fácil racionalizar dessa forma do que entrar a fundo no que fez essa relação terminar. Fique calma isso é um mecanismo de defesa que todos os seres humanos têm, mas, como qualquer humano, podemos quebrá-lo e evoluir a nossa psique.
Sobre sua atitude de cobrança e de tentar impedir que o pior aconteça; imagino que essa cobrança é sobre onde ele está, quem é tal pessoa, por que você está em casa ou em qualquer outro local ao invés de estar comigo. Impedir que o pior aconteça, eu entendi que seria tentar manter a pessoa sobre controle para ter certeza que ela não está te traindo.
Exercício para poder lidar com a atitude de cobrar do parceiro
Vou te pedir para fazer o seguinte exercício: pense numa cena na qual você está fazendo esse comportamento de indagar e cobrar. Agora feche os seus olhos e se coloque no lugar da outra pessoa. E vai experienciando o que ela sente com essas indagações e cobranças.
Se não conseguir da primeira vez não tem problema, tente mais uma vez é um processo de treinamento mesmo.
Quando você conseguir fazer esse exercício, reflita sobre o que sentiu, e tente ver o que pode fazer para melhorar a relação e a você mesma.
Outra dica seria: se você arrumasse uma pessoa que fizesse isso com você como você se sentiria?
Eu não consigo te dizer o que você pode fazer para descobrir se alguém está te traindo ou não. Não existe um método científico para descobrir isso. A única coisa que consigo pensar é: avaliar se a relação está sendo satisfatória para ambos.
Sobre como agir, bem… talvez conversar com um tom de menos cobrança e desconfiança ajude você a ter uma conversa mais saudável.
Se isso persistir, talvez seja importante você procurar um psicoterapeuta para te ajudar.
Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.