Como lidar com a paixão no isolamento social

Nesse longo período de isolamento social, quem está só ou sem relacionamento, vive uma carência intensa e isso provoca muitas buscas online por produtos eróticos. Dizem que as vendas de vibradores aumentaram muito e os acessos aos Apps e sites de relacionamentos idem. 

Esses recursos permitem que pessoas, independente do local em que se encontram, possam se conhecer, “paquerar” e seduzir. Para alguns, é só um treino de sedução ou um estímulo com um visual erótico ou nudes. Mas para muitos, a oportunidade de conhecer outra(s) pessoas, mesmo online, nesses dias de carência. A esta carência podem se somar outras: afetivas, de autoestima, autoconfiança e acabar gerando um apaixonamento!

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Não quero falar mal da paixão, é uma delícia sentir-se apaixonado(a); faz bem, pois acorda o corpo, o coração bate mais forte; só pensamos naquela pessoa.

Paixão gera dependência provocada pela dopamina

Segundo o endocrinologista Alfredo Halpern, a paixão gera uma dependência provocada pela dopamina, que é um hormônio de prazer que invade nosso cérebro. A questão é que essa paixão nos faz distorcer a realidade, aí mora o perigo, enxergamos só o que gostamos de ver. E é nesse período que vivemos atitudes perigosamente impulsivas, movidas pelo prazer de realizar a paixão, uma louca atração corporal que faz querer estar junto o tempo todo, morar junto. Podemos fazer loucuras de amor, até querer casar! Biologicamente nosso corpo vive essa ‘paixão ‘ bioquímica por um prazo de meses até mais ou menos dois anos,  é só aí começamos a ter menos dopamina em nosso cérebro e começamos a enxergar o outro como ele é.

E aí as coisas podem mudar… Quando a dopamina diminui e começamos a ter uma percepção mais realista, podemos não gostar do que estamos enxergando, aquilo que parecia ser alguém sempre atencioso e sempre disponível, pode ser percebido como alguém grudento e até pouco produtivo, talvez descompromissado com trabalho e estudo.

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Ao invés de continuar achando a pessoa extravagante na sensualidade, essa pode ser percebida como vulgar; ou aquela pessoa ‘cuidadosa’ em excesso com seu bem-estar, suas roupas ou seu ir e vir pode ser percebida como controladora.

Quando a dopamina diminui ocorrem três situações:


É quando olhamos para o outro e nos chocamos com tantas diferenças. Por vezes, não conseguimos entender como vivemos essa relação; brigamos com amigos de como não nos avisaram para enxergarmos tais diferenças. Mesmo quando amigos avisam, provavelmente serão chamados de chatos ou intrometidos. Nesta primeira situação, rompemos e não desejamos nem encontrar socialmente essa pessoa, temos até vergonha ou raiva de ter vivido esta paixão.

2ª É quando percebemos muitas diferenças, veremos coisas que não gostamos ou que não mobilizam nossa vontade de continuar um relacionamento com essa pessoa, por pensar aspectos da vida de maneira diferente, por não ter mais atração, por não perceber grandes afinidades; talvez fique uma lembrança carinhosa de uma gostosa paixão.

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3ª É quando mesmo com a redução da dopamina, olhamos para essa pessoa, enxergamos que ela não é perfeita (como ninguém é), mas que mesmo com suas características e as diferenças que possam existir, acreditamos que esse sentimento e essa relação valem a pena ser vividos como projeto de vida. A isso eu chamo de amor, um sentimento intenso, menos impulsivo, mais consistente e que nos mobiliza sermos nós mesmos, nos faz acreditar num caminhar juntos com afinidades e diferenças.

Nessa fase de isolamento social, principalmente quando estamos carentes, e pouco confiantes na nossa autoestima, precisamos ter certos cuidados para poder viver o gostoso da paixão.  

4 dicas para curtir a paixão:  

1ª Não deposite no outro todas as expectativas de sua vida.

2ª Desfrute do prazer da dopamina, da atração, do encantamento, mas tome cuidado para não se perder de você, não se afaste de seus objetivos ou atividades que te façam bem, como academia, cursos, um hobby…



3ª Não ignore totalmente o que amigos queridos ou familiares possam te sinalizar.


Não ignore sua racionalidade, nem aquela percepção ‘esquisita’ que pode aparecer em alguns momentos te indicando um alerta. Pessoas possessivas e violentas sinalizam essas atitudes no jeito que falam, tratam familiares, vizinhos, funcionários.  Fique atento(a)!