E-mail enviado por um leitor:
“Gostaria de um auxílio de como devo proceder neste caso. Certo dia, conversando com minha esposa, perguntei a ela se toparia um relacionamento aberto, entendendo que seria algo físico, sem vínculos emocionais. A resposta dela foi sim, que achava a ideia interessante e toparia. Passamos a conversar mais sobre o assunto, para determinarmos o que cada um gostaria que acontecesse. Descobri que a ideia dela não é ter relações sexuais com outro homem, só por prazer, mas sim ter uma outra pessoa e ter a liberdade de se relacionar, ou seja, ser livre para ter uma relação de romance e se tiver vontade pode até haver sexo. Mas deixou claro que não teria essa pessoa como um namorado, mas como um amigo que pudesse amar livremente. Contudo, o ninho de amor do nosso casamento seria sempre seu porto seguro, sua base, e nada mudaria ou estaria acima disso. Somos casados há cinco anos, somos muito felizes, e confesso que estou me sentindo inseguro em relação ao que ela deseja, pois já tivemos uma experiência, virtual, com uma terceira pessoa e ela acabou se apaixonando; foi difícil lidar com a dependência e necessidade dela em relação ao outro, chegando ao ponto dela deixar de ter atitudes da sua personalidade para não magoar ou causar ciúmes no outro.
Então, confesso que, ao entender o que ela realmente deseja com a abertura da nossa relação, tenho bastante receio do que possa acontecer… E por mais que ela diga que nada mudaria no nosso casamento, tenho certeza de que não nos separaríamos, mas seu envolvimento com outra pessoa fará ela mudar, só ainda não consigo ver se essa mudança será positiva ou negativa.”
Existe o risco da paixão ocorrer em uma relação aberta
Resposta: Sim, você está certo no seu raciocínio. Relacionamentos abertos trazem riscos.
Embora vocês transmitam a ideia de um casal com boa maturidade emocional, que discute abertamente pontos importantes de um relacionamento, sempre existe o risco de um dos dois se apaixonar. E a paixão pode derrubar qualquer argumento racional, qualquer promessa, qualquer combinado. E pode, certamente, mudar ou transformar os envolvidos.
Ao discutirem as fantasias de cada um com relação à proposta de relação aberta, apareceu uma diferença entre o que ela imagina e o que você imagina. Para você, como homem, a fantasia transita mais pela área do sexo. Para ela, como mulher, a fantasia é mais romântica, embute envolvimento, carinho etc. Fantasias, porém, são apenas fantasias. Na vivência real a possibilidade de um envolvimento com o novo parceiro existe para ambos. Afinal, não importa a intenção inicial de quem se propõe a permitir novas parcerias na relação amorosa. O que importa é como essa relação irá evoluir. E aí tudo é possível.
Você pergunta como deve agir nessa situação.
Bem, pelo que escreve a proposta de relacionamento aberto partiu de você. De uma fantasia sua que ela aceitou, mas adaptou às fantasias dela. Bem, se seu medo é que ela mude depois dessa experiência, é importante notar que a mudança já aconteceu; tanto você, quanto ela, quanto a relação se abriram para novas ideias e já não são mais os mesmos que antes.
A concretização das fantasias pode provocar novas mudanças? Pode. Mas, se houver cumplicidade entre vocês, vontade de usar as novas experiências para aprofundar a compreensão do casamento e paixões por terceiros apenas passageiras (como a paixão virtual que ela teve) existe a possibilidade do casamento sobreviver e se solidificar ainda mais.
É possível voltar atrás e retirar a proposta?
Sim, é possível. Mas a semente estará plantada e dará origem a novas fantasias. Que podem evoluir como fantasias compartilhadas pelo casal apenas, ou para experiências concretas. Ou então, caso a proposta seja retirada, para vivências individuais não compartilhadas para que o trato não seja rompido…
Cabe a você então, a partir dessas reflexões, decidir qual dos riscos é melhor neste momento: o de experimentar o novo ou o de voltar para o antigo, que, como foi dito não será mais o mesmo.
Qualquer que seja sua decisão, porém, continue cuidando de seu casamento como cuidou até agora. Você relata um casamento feliz, que já dura cinco anos e com uma pessoa que, como você, reflete sobre suas emoções, seus desejos e suas ideias. Entenda que quando se tem uma relação sólida, a maioria das vivências pessoais costuma, em geral, somar e não subtrair. Mas para que isso aconteça, é importante muita sensibilidade para entender e respeitar os novos sentimentos que surgirão com as novas situações. Tanto os seus quanto os da sua parceira.
Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.