por Blenda de Oliveira
"Tenho 29 anos e aos 22 anos conheci meu pai biológico. Tive a oportunidade mais desejada de minha vida e, com o sonho realizado, tentei me aproximar do meu pai. Quanto mais tento me aproximar, mais ele se afasta. Sinto ele fechado para mim e com minha irmã que ele criou… ele é brincalhão e alegre. Imaginar que meu pai não me ama, tira meu desejo de viver. Com isso, estou indo mal na faculdade"
Resposta: Obrigada pela confiança em compartilhar algo tão importante.
Acreditamos que laços sanguíneos deveriam nos garantir o amor, atenção e amparo; principalmente tratando-se dos laços que envolvem funções paternas e maternas. Infelizmente, isso não é uma verdade para todos e nem todos possuem compromisso com sua descendência, por exemplo, representada pelos filhos.
Talvez seu pai biológico ainda não se sinta seu pai e pode, inclusive, recusar a ser o seu pai mais que biológico, mas o pai afetivo, amoroso e acolhedor. Esta é a paternidade que está em jogo. A biológica é certa, mas a afetiva é duvidosa e depende do quanto ele escolhe ou não vivê-la. Se para você é muito importante se manter por perto, mesmo que ele tenha esse tipo de atitude, sugiro que trabalhe em você suas expectativas quanto ao seu pai biológico e, pouco a pouco, vá aprendendo a tolerar apenas e unicamente o que é possível.
Imagino como desejou por esse momento, mas nenhuma relação de amor ocorre sem que todos os lados estejam de acordo sobre o amor que um quer dedicar ao outro. Há um mito que sendo biologicamente pai ou mãe o amor se daria naturalmente. Não é verdade, também é um amor construído e escolhido.
Desejo-lhe muita sorte e capacidade emocional para lidar com o que é possível, sem considerar que você possa estar passando por algum outro tipo de dificuldade em sua vida. Creio que não haja nada de errado com você, mas seu pai biológico não vive a paternidade com a intensidade que você desejaria que ele tivesse como pai.