Como me libertar da dependência emocional do meu marido?

Dependência emocional do marido: veja nesse post uma profunda reflexão sobre este problema, que passa pela “questão da falta” e veja dicas práticas para se libertar…

E-mail enviado por uma leitora:

“Sinto que sou dependente emocional do meu marido. Sempre peço o aval dele para tomar decisões. Ele faz isso sem o menor problema. Mas gostaria de saber se isso é normal? Num casamento é normal que haja um certo grau de dependência entre os cônjuges? E o que poderia fazer para me tornar menos dependente emocionalmente dele?”

Resposta: Normalmente quando se delega alguma função para outra pessoa (marido, pai, filho…) realizar ao invés de ser você mesma, isso é considerado, de certa forma, um tipo de dependência. Isso porque espera-se que uma pessoa adulta consiga tomar decisões do dia a dia sem a avaliação de um terceiro.

É claro que muitas coisas dependem do outro avaliar, ainda mais, se o outro tiver algum ganho ou prejuízo com essa decisão. Mas pelo que entendi, não é essa a sua situação.

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Dependência emocional não é normal

A dependência não é normal, o adequado é a parceria, que é diferente. A dependência, como o próprio nome diz, é um comportamento que depende do(a) outro(a). Ou seja, não acontece de forma autônoma, está sempre grudado a uma situação. Diferentemente da parceria, que é uma colaboração ou coparticipação, ou seja, fazer juntos.

Depois de alguns anos de convivência, é normal sempre perguntar ou se importar sobre a opinião do outro. Mas se você não se enxerga tomando atitudes simples, como: eu vou de transporte público ou de carro, compro a manteiga dessa marca ou da outra, não vai para a casa de uma amiga sem precisar do aval do outro, já está passando um pouco da individualidade para a dependência.

O problema da dependência emocional está “na falta”

Esta falta pode ocorrer em várias questões, como por exemplo, na insegurança

O problema da dependência é a falta. Digo isso pensando em várias questões, como por exemplo:

  • Sinto FALTA de confiança nas minhas decisões;
  • Eu tenho uma FALTA de amor próprio;
  • FALTA de me sentir apta ou competente para fazer escolhas;
  • FALTA de não ter alguém para contar quando estou sozinha;
  • FALTA coragem para ser mais autônoma, porque não tolero errar.

E quando temos muitas FALTAS, sempre uma pessoa ou coisa vem para COMPLETAR o que FALTA. E por isso nos tornamos dependentes.

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Assim, quando o outro faz ou responde às suas expectativas, a FALTA fica preenchida pelo outro, e como ela é preenchida por uma outra pessoa; quando essa pessoa não está disponível ou então não pode completar essa FALTA, gera-se muita angústia e só aumenta a insegurança. No seu caso, a dificuldade em tomar decisões.

É muito gostoso ter alguém ou algo para completar as nossas FALTAS, mas o problema é que temos consciência que um dia essa pessoa pode não corresponder o que esperamos. Por isso, é importante trabalhar a sua FALTA, porque assim você mesmo vai preenchê-la, e se o outro falhar ou ir, ela permanecerá preenchida. Desse modo, diminuem-se a dependência e a FALTA.

O fato de se tornar mais independente não significa que seu casamento vá para o buraco, ele pode se transformar e ter mais espaço para outras coisas. Digo isso porque muitas vezes quando a pessoa começa a preencher essa falta, pode dar essa sensação de diminuição de amor ou afeto, mas na verdade é um caminho mais saudável para a relação.

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Dicas para se libertar da dependência emocional do marido

Teste, arrisque em coisas pequenas primeiro. Vá se arriscando de uma forma confortável. Depois avalie os pontos positivos e negativos dessa escolha, e se constatar alguma falha, veja o que da próxima vez precisa fazer.

Faça uma lista de coisas a favor ou contra a sua decisão, exemplo: quero viajar em dezembro, vou para o interior ou para o litoral: liste os benefícios de ir para o litoral e os benefícios de ir para o interior. Se tiver empecilhos, liste-os também: empecilhos de ir para o litoral e ir para o interior. Isso vai te ajudar a olhar melhor para a dúvida e tomar uma decisão.

No começo pode-se usar do seu marido interno (a memória que você tem dele) exemplo: se eu perguntasse isso para ele, ele me responderia para fazer isso. Não abuse desse recurso, é só no começo. A ideia é que você consiga consultar a si mesma.

Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.

Psicóloga Clínica, Psicodramatista pela Associação Brasileira de Psicodrama e Sociodrama (ABPS), cursando nível II e III na Sociedade Paulista de Psicodrama e Sociodrama (SOPSP) e Terapia de Casal no Instituto J L Moreno. Pesquisadora no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas FMUSP no PRO AMITI no setor de Amor Patológico e Ciúme Excessivo. Vice-presidenta da Associação Viver Bem