por Patricia Gebrim
Não há dúvida de que viver em uma cidade grande é mesmo um desafio enorme ao equilíbrio de qualquer um. As condições são hostis, mas disso todos sabem.
Quem já não respirou fundo tentando controlar a si mesmo em um dia de trânsito infernal?
Quem já não sentiu o sangue ferver nas veias ao ter que acionar qualquer serviço de "call center", querendo chorar ou gritar após tentar por vezes seguidas ser atendido em uma central de atendimento?
Enfim, somos o tempo todo testados e diariamente bombardeados com todo tipo de estímulo negativo. Somos obrigados a viver em meio à poluição, nossa água e alimentos são pouco nutritivos, isso quando não são envenenados; da mesma forma como a mídia envenena nossa mente com uma série de imagens e informações que causam apenas medo e insegurança.
Em meio a tudo isso, o pior que pode acontecer é a nossa alienação. Se não percebemos o que está acontecendo, como nos proteger? E quem vai nos proteger, se não fizermos isso nós mesmos?
Essa é uma tarefa que cabe a cada um de nós. Criarmos, dentro de nossas possibilidades, uma vida mais saudável. Precisamos fazer escolhas mais sábias. Escolher com mais cuidado o que comemos, as pessoas com as quais convivemos, os programas que escolhemos, o estilo de vida que temos. Tudo tem uma consequência e a alienação nos deixa vulneráveis e expostos a forças que têm apenas criado o mal.
A simplicidade ajuda, quanto mais complicamos a vida, mais dependemos desse sistema que está totalmente corrompido e que parece destinado a nos enlouquecer.
É preciso que tenhamos uma forte determinação em não sermos vencidos, em não permitirmos que a aridez da vida nos faça desistir do que temos de mais belo. Preservar a calma, compreender que estamos todos vivendo as mesmas pressões, manter viva a nossa capacidade de sentir compaixão; tudo isso nos ajuda a continuar sendo humanos, e não apenas peças dessa sociedade doente na qual vivemos.
É muito importante que não adoeçamos também, mesmo quando tudo ao nosso redor parece estar fora do eixo.
– Como fazer isso?
Você pode estar se perguntando…
E eu lhe digo, fazemos isso quando nos recusamos a entregar nosso coração. É isso que essas forças escuras querem, nosso coração. Não podemos concordar docilmente com esse tipo de mutilação. O coração é o que nos salva e a única esperança para a cura de tudo que adoece em nossa vida. Quando nos mantemos vivos, pulsantes, capazes de sentir amor, de sentir compaixão; nos tornamos curadores, e a cura começa por nós mesmos.
O coração possui uma energia tão poderosa que é capaz de dissolver todas as outras. A raiva, o medo, a frustração… Tudo isso se dissolve no contato com o nosso coração. Quando deixamos de ser protetores de nosso ego, e nos tornamos sábios na pulsação da nossa alma, somos capazes de enxergar tudo de um ponto de vista tão maior e expandido, que num instante dissolvemos até mesmo a maior das preocupações. Num instante nos libertamos, pois compreendemos que aquilo que tanto nos atormenta é apenas mais uma face dessa ilusão que vem nos mantendo aprisionados e docilmente manipulados, nos afastando de nosso verdadeiro poder.
O nosso verdadeiro poder nunca deixará de existir. Se você deseja tocá-lo, basta mergulhar bem no centro do seu peito.