por Tatiana Ades
Respondendo a pergunta do título deste artigo. Agindo com autenticidade. Não há melhor exemplo para os filhos do que presenciar as atitudes dos pais.
Não resolve os pais pregarem somente teoria. Se agirem de modo contrário ao que tentam ensinar, não vai adiantar, pois o filho “percebe” essa desonestidade. O que vale é o filho olhar os pais agirem frente às mais diversas situações de modo verdadeiro.
A família é um miniespelho da sociedade na qual os filhos vivem e viverão. Pais não precisam ser anjos, mas precisam ser sinceros e honestos. Os filhos devem sentir segurança quanto ao “seu conhecimento” acerca dos pais. Pais erram, muitas vezes são injustos (mesmo sem querer), criticam, xingam… mas devem confiar suficientemente nos filhos e conversar bastante a respeito de suas próprias atitudes, tipo: “filho, errei ao pensar….” ou “ filho, fui injusto em tal situação…”.
Os filhos não querem pais santos: isso seria muito difícil de suportar! Eles querem pais humanos que, entre erros e acertos, os respeitem, caminhem juntos com eles, confiem neles e participem dos seus sentimentos, de suas alegrias e de suas frustrações. A vivência em família é o retrato que os filhos irão perseguir para o resto da vida. Família que cultiva um relacionamento sadio contribui para uma estrutura mental sadia do filho.
Cada pessoa tem seu próprio tempo para amadurecer emocionalmente. Na maioria dos casos esse tempo tem que ser respeitado pelos pais. O importante é que os pais não deixem de viver suas próprias vidas em função do filho que ainda não saiu de casa.
Parte dos filhos adultos e já independentes ainda vive na casa dos pais por simples conveniência. Não há idade certa para o jovem sair de casa e constituir família própria. O importante é ele amadurecer, saber escolher um caminho, lutar por uma profissão e pela sua independência econômica.
Dar um passo antecipado, mandar o filho seguir o próprio caminho com medo que ele se encoste, muitas vezes é obrigá-lo a tomar um rumo sem opção.
Agora, se os pais percebem que o filho está realmente “encostado” e se recusa a amadurecer; ser independente por comodismo ou preguiça, então aí sim, os pais deverão, em primeiro lugar, ter um diálogo franco com esse filho e mostrar que a preocupação deles se deve às dificuldades que ele enfrentará na vida, se não souber se “virar”. Em nenhum momento esse filho deve sentir que é um peso, pois isso pode se transformar em uma chantagem emocional sombiótica prejudicial à relação de ambos. Se a conversa não surtir efeito, então é importante através de terapia ajudar esse filho a encontrar seu caminho com mais amadurecimento.
Vida adulta
Quando adulto, esse filho irá se espelhar no que presenciou no convívio em família. Ele tenderá a repetir padrões aprendidos nessa convivência.
Se o pai batia na mãe e/ou não respeitava os filhos, será difícil para esse pai, hoje, opinar de maneira positiva sobre uma atitude sadia em relação ao seu filho.
No caso de uma família desestruturada, é bem provável que o filho criado nela, precise de acompanhamento terapêutico para construir uma nova realidade sobre uma família sadia e com possibilidade de ser feliz.
A família é o primeiro referencial de vivência do filho. Por isso, ela tem que ser composta principalmente por laços de verdadeira confiança incondicional entre seus membros, de respeito mútuo, de real honestidade, de muito diálogo, de falta de preconceitos e de pré-julgamentos. Os pais precisam saber ouvir. Quando digo ouvir, quero dizer OUVIR DE VERDADE, ouvir o que vem de “dentro do filho”, encorajando-o a confiar neles.