Como pôr em prática a resiliência

Um e-mail enviado por uma leitora ao psiquiatra Eduardo Ferreira Santos, que assina este coluna respondendo aos leitores, virou este interessante bate-papo entre o Vya Estelar e o Dr. Eduardo.

E-mail enviado pela leitora: 

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“Uma palavra que já há algum tempo anda em moda é resiliência e, agora com a pandemia e o isolamento social, essa ‘cobrança’ ficou maior. Na teoria, o conceito de resiliência é bonito. Mas há um abismo entre a teoria e colocá-lo, de fato, em prática. Sinto muita dificuldade de colocar a resiliência em prática. O que preciso fazer?”

Eduardo Ferreira Santos: – Resiliência não é apenas um conceito teórico! Na verdade, é a capacidade que algumas pessoas têm de enfrentar as dificuldades da vida. E isso depende de vários fatores biológicos e psicológicos, como uma predisposição genética e todo o desenvolvimento emocional de uma pessoa. É preciso ter desenvolvido dentro de si uma capacidade de adaptação que exige mesmo algo como uma “força interior”, que não é teórica e sim uma condição de vida!

Vya Estelar – Surge aqui então uma dúvida em relação ao “combustível da resiliência”, que é a força interior. Qual seria o caminho para desenvolvê-la? Ou, como o senhor disse… sendo uma condição de vida, ela pode ser adquirida ou não?

Eduardo Ferreira Santos – A resiliência depende basicamente dos fatores biológicos e psicológicos. Eu tenho como base a teoria do psiquiatra americano Peter Kramer, em que ele fala da “estrutura seritoninergica” como base biológica para o desenvolvimento de uma pessoa. Ele faz uma comparação (que eu mesmo adaptei) à questão genética da cor da pele: quanto mais genes dominantes a pessoa tiver, mais escura será a cor da pele. Assim, posso crer que, quanto mais genes e suas interações para a produção individual de serotonina tiver a pessoa, mais apta a se desenvolver psicologicamente.

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Falo muito disso em meu livro “Psicoterapia Breve – Abordagem Sistematizada de Situações de Crise” – em um capítulo que chamei de psicofármacoterapia!

Vya Estelar – Noto que a questão genética pesa e muito. Mas… uma psicoterapia em busca do  autoconhecimento poderia ajudar, já que conhecer o “eu interior”, ajudaria a pessoa a se conectar com ela mesma, apoiando-se nela mesma, nesse ser interno que, sendo desvendado, poderia mudar a forma dela perceber a vida e os acontecimentos que ocorrem com ela?.

Eduardo Ferreira Santos – Desde que com a devida dose natural ou farmacológica de serotonina!!!

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Vya Estelar – Em relação aos meios de se elevar o nível de serotonina: meditação, yogaatividade física ou atividades artísticas poderiam ser alternativas aos antidepressivos? Mesmo porque não sei se todas as pessoas se adaptariam a eles… Não posso falar pelos outros, mas sou músico também e toco o instrumento em um nível avançado e, após 40, 45 minutos tocando, qualquer emoção negativa, angústia… vai tudo embora. Faço uma verdadeira faxina emocional e saio outro dessa experiência, repaginado emocionalmente… parece até que tomei uma droga. Há seis semanas encerrei meu tratamento com os antidepressivos Exodus e Donaren. Não estou querendo demonizar nem abolir os antidepressivos, mas somente, também, dar alternativas.

Eduardo Ferreira Santos – Sim, “Todos os caminhos levam a Roma”! É claro que há muitas atividades que aumentam as chamadas ENDORFINAS, que são catecolaminas pouco conhecidas. Portanto, alternativas à farmacologia não faltam … é só lembrar que cada pessoa é um INDIVÍDUO com suas idiossincrasias!

Atenção!

Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um médico psiquiatra e não se caracteriza como sendo um atendimento.