por Antonio Carlos Amador
Certa vez, num grupo de adolescentes reunidos numa festa, João acompanhava os demais, cantando uma determinada música. Quase que imediatamente uma colega da turma disparou um comentário crítico rotulando-o de desafinado. João, intimidado, nunca mais se arriscou a cantar em público.
Uma das coisas mais difíceis na vida é lidar com as críticas dos outros, principalmente quando as encaramos pelo lado pessoal e ficamos muito incomodados. Isso acontece porque na maioria das vezes esquecemos de considerar que uma crítica reflete apenas a opinião de outra pessoa. E que essa opinião pode ter ou não algum fundamento. Em alguns casos pode ser completamente infundada ou até mesmo absurda.
Se alguém lhe diz que seu cabelo ficaria bem melhor tingido de cor-de-rosa, você não precisa se preocupar. Tudo o que tem a fazer é ignorar tal comentário. Quantas e quantas vezes não ouvimos sandices como essa a respeito de nós e dos outros? Ou então ouvimos expressões de desaprovação, que salientam falhas e defeitos?
Por outro lado, se houver algum fundamento na crítica, podemos procurar aprender com ela, considerando o que foi apontado ou sugerido e procurando corrigir. Além disso, existe uma questão que está sempre presente e que na maioria das vezes nós desconsideramos. Se alguém nos critica pode estar certo ou errado a nosso respeito, mas tal atitude sempre indica a necessidade que aquela pessoa tem de criticar. Uma necessidade que pode ter origem no desejo de ser ouvida, de ser considerada, ou num mau humor momentâneo ou ser resultado de pura frustração.
A crítica também pode ser construtiva, quando alguém expressa uma avaliação ou um julgamento minucioso de alguma coisa, tal como o comportamento ou o desempenho de uma pessoa, especialmente para ajudar ou melhorar o futuro desempenho, ou para oferecer soluções diferentes. Mas é sempre bom lembrar que, independentemente da motivação, o fato de uma pessoa estar nos criticando não significa necessariamente que ela é boa ou má. Apenas que ela tem necessidade de criticar.
Quando olhamos uma crítica sob esse ângulo fica mais fácil concluir que ela tem mais a ver com a pessoa que critica do que conosco. É por isso que não precisamos levar para o lado pessoal. Muitas vezes o crítico está apenas expressando sua necessidade de criticar. Uma necessidade que, aliás, todos temos, em maior ou menor grau.
Se não levarmos as sugestões e as críticas para o lado pessoal, ficaremos mais receptivos àquilo que está sendo dito e poderemos aprender bastante sobre nós mesmos e os outros. Passaremos a encarar isso menos como uma ameaça ou um ataque e mais como uma necessidade das pessoas. Poderemos imaginar como seríamos mais felizes sem levar as críticas pelo lado pessoal.