Por Eduardo Ferreira Santos
Neste post dou sequência ao anterior: Medo! Medo! Medo! Medo! – veja aqui. Mas antes de introduzir o artigo propriamente dito, o Brasil "para" por conta de mais uma enorme tragédia: o massacre em Suzano, na região metropolitana de São Paulo. Foi um ataque à Escola Estadual Raul Brasil, no qual oito pessoas foram mortas. Em seguida, a dupla de assassinos cometeu suicídio.
Bem… vamos ao texto. Estamos vivendo, sem dúvida nenhuma, momentos críticos e trágicos ocorrendo em todo o mundo, quase que simultaneamente.
Terremotos, tsunamis, desabamentos de barragens de mineração, enchentes, Incêndios de grandes e pequenas proporções, chuvas como a que acometeu São Paulo nesse último final de semana, com número significativo de mortos.
Todos esses acontecimentos desfilam diariamente diante de nossos olhos, colhidos pelas câmeras de televisão, mensagens dos mais diferentes teores e gostos (do informativo ao macabro) na Internet, notícias de rádio, fotos chocantes em jornais e revistas…
Repórteres e âncoras de telejornais não conseguem esconder do grande público suas emoções e aflições perante tais acontecimentos que são obrigados a noticiar.
Mas, será que há um exagero na exposição desses fatos? Será que é preciso mostrar o desespero de uma mãe ao enterrar seu filho vítima de uma “bala perdida”? Será que é mesmo importante contabilizar, nomear, identificar cada uma dessas vítimas, revelando suas biografias, desejos e sonhos perdidos? Será mesmo que a grande mídia gera pânico e insegurança? Ou apenas informa, e ainda que timidamente perante a escandalosa informação, procura alertar as pessoas para os verdadeiros riscos e ameaças que cercam nosso cotidiano.
O que ocorre com quem é uma “vítima passiva” dessa torrente de imagens, depoimentos, cenas desoladoras?
Como a Psiquiatria atual é algo “fixada” em diagnósticos e “rotulações” não consigo fugir à regra e vejo que há três tipos possíveis de reação perante isso tudo. Vamos lá:
1. Indiferença
Para algumas pessoas, que não sei quantificar o percentual, trata-se apenas de um informativo jornalístico: “afinal eu não tenho nada a ver com isso”. Ou então podem, no limite, ficarem indignadas e procurarem culpados pela tragédia que devem ser presos e, para alguns, até executados em praça pública.
2. Empatia
Este é um sentimento interessante e incomum, no qual a pessoa, embora consiga compreender exatamente o sentimento do OUTRO, reconhece que não é um sentimento SEU, demonstra compaixão e se entristece pelas vítimas, mas sabe exatamente que não é consigo que aquilo está acontecendo.
3. Identificação
É aqui que mora o perigo!
Devido às suas próprias angústias e sofrimentos, traumas passados em sua existência, estados psíquicos alterados, a pessoa vive o drama do outro como se fosse com ela própria. Literalmente identifica-se com aquele parente que chora à beira do túmulo com seu próprio luto por um parente próximo perdido. Exatamente o oposto do Indiferente, sente a profundidade da dor em sua alma, em estados mais depressivos chega a se perguntar qual sua parcela de culpa neste ou naquele fato, seja o visto na televisão, seja o experenciado em sua própria vida.
Portanto, como se diz “cada pessoa é uma pessoa”, são diferentes as formas de sentir e manifestar (ou não) as emoções.
Mas, para todos que ficam petrificados em frente ao vídeo, vendo a barragem desabar, desabar e desabar de novo, minha única e, certamente cínica, sugestão seja: mude de canal.