por Roberto Santos
"Gostaria de saber um ponto positivo e outro negativo e como poderia trabalhá-los na minha gestão no meu dia a dia?"
Resposta: Muitas pessoas já escreveram para esta coluna com uma questão semelhante à sua, mas com objetivo de saber o que falar em uma entrevista de seleção quando escutam a inevitável pergunta de 9 entre 10 selecionadores.
Claro que falar dos pontos fortes é sempre mais fácil, mas mesmo esse aspecto tem que ser avaliado e priorizado quanto àquilo que vamos destacar quando nos pedem, por exemplo numa entrevista, os três pontos principais. Quando se trata de falar sobre nossos pontos fracos, aí fica mais complicado. Está na moda falar que é "workaholic" (viciado em trabalho) ou o defeito preferido — "sou perfeccionista" — que apesar das aparências é um defeito mesmo.
Porém, sua pergunta aborda um aspecto diferente que é saber quando um ponto positivo e um negativo podem ser usados em sua gestão no seu dia a dia.
A princípio, minha reação foi: "como posso saber o ponto positivo e o negativo da Vilma, sem nunca tê-la avaliado ou trabalhado com ela?"
Por outro lado, acho que posso ajudá-la a refletir sobre qual perspectiva, sobre nossa forma de encarar o trabalho e nossas interações com essas pessoas, podem revelar sobre nossa personalidade, motivações e valores.
Há duas formas de descrição de nossa personalidade. A primeira é como nós nos descrevemos com nossos pontos positivos e, se formos autocríticos, nossos pontos negativos. Provavelmente, esta nossa identidade ou como nos vemos, é o tipo de coisa que falamos numa entrevista. Este lado de nosso perfil pode até ajudar numa entrevista, se conseguirmos ser convincentes para nosso interlocutor ou se ele não for muito a fundo, pedindo-lhe exemplos concretos de quando demonstrou aquelas suas incríveis qualidades.
No entanto, essa identidade poderá não ser suficiente para sustentá-la no tão sonhado emprego recém-conquistado. Por quê?
Como sabemos, em nossas experiências anteriores, os outros podem não concordar com o que achamos de nós mesmos. Assim, a outra dimensão de nossos pontos fortes e fracos é aquela de reputação, ou seja, como as outras que convivem conosco nos percebem. Para fins práticos de nosso sucesso ou fracasso nas organizações, o que conta mesmo é essa reputação. Não se trata de reputação de honesto ou falso, mas em todos os sentidos.
Podemos achar que somos interessantes, leves, abertos para mudanças e inovações e que partimos pra ação com rapidez, segundo nossa identidade. Mas as muitas outras pessoas podem nos perceber como inconsequentes, impulsivos e desorganizados, ou seja, alguém que não se pode contar. Dá para imaginar que essa percepção acabará dominando nossa avaliação e nosso destino na organização.
Por isso, a melhor forma de você saber seus pontos positivos e negativos para apoiar seu desenvolvimento em sua gestão no seu dia a dia, é fazer uma enquete com pessoas que trabalham com você e sejam de sua confiança – pessoas que terão abertura e sinceridade para lhe dar as notícias boas e as más.
De seu lado, cabe-lhe buscar entender e aceitar o feedback sem defensividade, pois mesmo que você não perceba as características que estão falando de você, elas irão influenciar o seu presente e seu futuro em seu trabalho.