Como saber se estou me sabotando?

Nesses anos de análise tenho históricos de atendimento com pessoas incríveis, de habilidades especiais, excelente entendimento acerca do mundo, alto nível cultural, porém,  infelizmente, demonstram grande dificuldade em enxergar seu potencial, de se relacionar de maneira sadia no campo social. Enfim, em se sentir apta e merecedora. Assim comete um dos piores atos de masoquismo, a autossabotagem.

Esse comportamento traz inúmeros problemas no desenvolvimento social, afetivo, financeiro e profissional, causa muito sofrimento através de ansiedade, frustração, inveja e sentimento de impotência que acompanham o curso da vida.

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Para iniciar o processo de esclarecimento, é necessário olhar para trás…

O que o Elefante pode nos ensinar…?


Certa vez li um texto sobre um jovem elefante que, adquirido por um circo, era mantido acorrentado nos bastidores antes das apresentações. Esse elefante ainda jovem se esforçava para se soltar das correntes sem sucesso. Porém, o tempo foi passando e esse mesmo elefante adulto não mais tentava se libertar quando justamente possuía força para quebrar as correntes com facilidade, havia desistido e aceitado seu destino; viveu acorrentado até a morte, quando poderia ter se soltado há tempos.

O texto reflete o comportamento do autossabotador. São pessoas que atravessaram situações ou receberam informações na infância de insucesso, normalmente ligados à questão em que se autossabota.

Pais narcisistas e autossabotagem    

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Cito o exemplo de pais narcisistas que são incubadores de comportamentos autossabotadores nos filhos, seja pelos excesso de cobranças ou na necessidade em moldar o comportamento da criança em relação à imagem que projetam em si mesmos.

Em ambos os casos, o filho registra muita informação de fracasso e falhas, e acompanhado pela falta de reconhecimento, acaba sorvendo esse registro, trazendo consequências para a vida adulta.

Estado de cegueira  

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O autossabotador possui uma cegueira para as oportunidades que lhe são apresentadas, há um alto grau de pessimismo, dificuldade em planejar à frente. Por vezes pode até parecer sentir-se confortável em situações difíceis, mas sempre existirá um sentimento escondido de inveja, insatisfação e frustração. São sonhadores e não executores, seus sonhos são projetados a realidades improváveis rompendo a fase de idealização e execução indo direto ao ponto da recompensa. Isso é compreensível se notarmos que há um bloqueio na execução de planos pelo reforço do fracasso que o assombra constantemente.

 Existe esperança em mudar esse comportamento. Como sempre digo, a escolha pela terapia psicanalítica é dolorida, muitas vezes longa. Porém, uma vez acessada a informação inconsciente, tratando a causa e não somente as consequências, o ajuste se torna natural, a vida mais leve e muito mais descomplicada.