por Patricia Gebrim
Imagine que você possua algo de muito valor, um diamante, por exemplo. Imagine por um instante que você o tenha perdido e não faça a menor idéia de onde ou como isso tenha acontecido. Com certeza você ficará chateado e com poucas esperanças de reencontrá-lo.
Agora imagine que você o tenha perdido dentro de seu quarto. Você está absolutamente certo de que, em algum lugar, no seu quarto, está o diamante, à espera de ser encontrado. Por mais que sinta certo desconforto, lá no fundo você tem a certeza de que em algum momento irá encontrá-lo, certo?
Bem, agora, uma vez mais, imagine que esse diamante seja a sua alma, a sua essência, a parte mais sábia e bonita do seu ser. Imagine que esse diamante seja a sua paz, a sua sabedoria, a sua compaixão, a sua capacidade de enfrentar com consciência qualquer desafio que a vida esteja trazendo em sua direção. Todos nós nos perdemos de nós mesmos de vez em quando. Se soubermos onde procurar, tudo ficará bem.
O problema é que muitos de nós estamos há tanto tempo perdidos que já nem nos lembramos direito do que perdemos, muito menos sabemos onde começar a procurar.
Vejo as pessoas vagando sem rumo por aí. Muitas estão tristes, andam pela vida à busca de algo, mas já não se lembram o que buscam. Vão a festas badaladas e voltam com um vazio dentro do peito, trabalham como malucas e o vazio continua lá, dentro delas, aumentando mais e mais. Exageram na comida, na bebida, usam drogas, abusam do sexo, e nada parece preencher o buraco que vai tomando conta de todo o seu ser. Compram de tudo, mas nada parece amenizar aquela sensação que se parece com uma espécie de fome, com a diferença que essa fome não parece vir do corpo.
Ah, se soubessem … Se soubessem que o que procuram sempre esteve e sempre estará dentro delas, como sofreriam menos. Viveriam suas vidas mais tranquilamente, com a certeza de que, a qualquer momento, encontrariam dentro de si mesmas o que quer que estejam sentindo falta em suas vidas. A paz, as respostas, o direcionamento, o amor.
É preciso que encontremos os caminhos que nos conduzem a esse lugar dentro de nós onde mora o nosso ser mais real. Vida alguma pode fazer sentido se estivermos longe de nossa própria essência. Precisamos urgentemente nos tornar o que somos.
Ouça … Ninguém nasce sendo. Nascemos e ainda não nascemos, se é que me compreendem.
O caminho não precisa ser árduo, acredite. Não é preciso escalar as montanhas do Himalaia, não é preciso sofrer dores físicas autoimpostas, aprender a falar uma língua sagrada ou recitar versos em sânscrito.
Basta aprender a escolher, entre tantas possibilidades de vida, aquelas que nos tornam mais inteiros. Aquelas que de certa forma nos levam para dentro da nossa verdade, que fazem nossos olhos brilharem, que abrem nosso peito e nos conectam com o que de melhor existe em nós. Cada pequena escolha de vida pode nos aproximar ou afastar de nós mesmos. Cada evento ao qual comparecemos, cada pessoa com a qual nos relacionamos, os filmes que assistimos, as músicas que ouvimos, os livros que lemos, a forma como escolhemos utilizar nosso tempo … Cada uma dessas escolhas nos aproxima ou nos afasta de nós mesmos. Tente prestar atenção e perceber isso em sua vida.
Como saber se estou próximo ou distante de minha essência?
Não é difícil perceber a diferença.
Quando nos aproximamos de nossa essência nos tornamos mais alegres, mais abertos, mais inteiros, mais sábios. Mais vivos.
Por outro lado, quando escolhemos algo que nos afasta de nossa essência, nos sentimos mais vazios, mais famintos. Frustrados talvez… tristes ou anestesiados.
Para saber melhor escolher, precisamos nos permitir momentos de solidão, porque é lá, no silêncio de tudo, que ouvimos a voz da nossa alma. Quando nos abraçamos por inteiro, quando mergulhamos bem no centro de nosso ser, eis que, inesperadamente, encontramos tudo e todos. Quando escolhemos abraçar a nossa própria alma, mesmo que para isso tenhamos que nos afastar ou contrariar o mundo, acabamos por encontrar dentro de nós todo o Universo. É preciso uma boa dose de coragem para se fazer isso.
Por outro lado, quem covardemente abandona a si mesmo na ânsia de encontrar ou agradar o mundo, acaba por perder-se cada vez mais.
Veja a si mesmo como uma semente, que carrega em seu ventre a perfeição do que pode vir a ser. Cuide dessa semente com carinho, de forma que ela rompa a casca, brote e permita que seu verdadeiro ser possa florescer.
Você é o diamante, e o diamante estará sempre dentro de você. Não há outro lugar onde procurar.