Como saber se realmente gosto do meu parceiro?

E-mail enviado por uma leitora: 

“Conheci o homem que sempre quis, mas não consigo amá-lo. Eu gosto dele, mas sinto que tem algo errado. Parece que eu deveria estar cega de amores, flutuando. Mas estou com os pés no chão e não sinto nada comparado às paixonites da adolescência. É uma sensação estranha. Porém, não quero me afastar desse homem. Como saber se eu realmente gosto do meu parceiro? É possível que eu vá sentir amor, se ainda não sinto? As pessoas se casam sem amar? Dá certo?”

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Resposta: Talvez você esteja confundindo paixão e amor; talvez você ainda esteja sob a influência do que se fala sobre sentimentos, e tentando se encaixar na “cartilha do amor”; talvez falte uma reflexão mais profunda sobre escolhas amorosas…Vamos a ela então.

Escolha amorosa: como saber se gosto dele? 

Quando você diz que conheceu o homem que sempre quis, está, provavelmente, se referindo a qualidades que imaginava que um homem deveria ter para formar uma família com você. Qualidades racionais: educação, sensibilidade, cultura, enfim, características que fizessem dele um bom parceiro. Por outro lado, a paixão, que é o que mais se teima em vincular à relação amorosa, perfeita, é descrita como aquele frio na barriga; aquela vontade de ver a pessoa o tempo todo, aquela sensação de estar flutuando… Bem, paixão é uma coisa, amor é outra.

Pelo seu e-mail, você, no momento, nem sente paixão, nem ainda está madura para sentir amor. Mas pode amadurecer e vir a amar sim! Entenda que suas paixonites da adolescência eram baseadas na novidade, no desconhecido, talvez no impossível. Na adolescência, sonha-se mais do que se vive. E o sonho é sempre mobilizador, porque podemos direcioná-lo para onde quisermos; o ser amado é construído na nossa cabeça com as características que nós lhe atribuímos.

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Paixão é como o trailer de um filme  

A paixão adolescente serve de ponto de partida para a construção de um relacionamento, mas não constitui sua base. É apenas um rascunho que pode, e deve, ser adaptado à realidade quando amadurecemos. É como um trailer de filme onde são apresentadas as partes mais interessantes, ordenada numa sequência interessante para chamar o público. Mas, certamente, todo filme tem suas partes chatas, nenhum é interessante do começo ao fim…

Tente entender, a partir dessa primeira reflexão, o que é a vida amorosa para você. Você quer se casar e ter uma família estável? Ou quer viver paixões que sejam eternas enquanto durem? Certamente você quer os dois ao mesmo tempo, não é? Mas isso é utópico…

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As grandes paixões costumam terminar logo, e as relações mais estáveis não mobilizam tanto. Essa é a realidade na maioria das vezes.

Existe a possibilidade da paixão se transformar em amor, do amor nascer da convivência, da convivência destruir a paixão e o amor. Mas ninguém pode garantir o futuro de um relacionamento. Depende, principalmente, da maturidade dos envolvidos, fazer um relacionamento caminhar para o crescimento e não para a destruição. E mesmo pessoas sensatas e maduras nem sempre são capazes de entender qual a melhor forma de agir para que o amor aconteça e perdure.

O amor não vem pronto  

Assim, tente entender, que o amor pelo homem que você escolheu pode nascer da convivência, das histórias vividas juntos, dos pequenos sorrisos de cumplicidade, de momentos de companheirismo. O amor não vem pronto, tem que ser construído. Com pitadas de respeito, generosidade, boa vontade, paciência e negociação. Quanto à paixão… bem, todo mundo já sentiu alguma vez, mas, em geral, sua duração é limitada. Cabe a cada um escolher o que prefere.

Atenção!

Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.