Para se libertar do sofrimento, é preciso procurar aceitar os acontecimentos e as pessoas com uma atitude de neutralidade e tranquilidade, vibrando na frequência do amor-próprio. Aceitar é curar.
Podemos ter muitos conhecimentos intelectuais e filosóficos, mas temos muita dificuldade em lidar com a impermanência dos estados de prazer e dor, alegria e tristeza, mudanças repentinas e os ciclos da vida. É como uma cegueira mental que gera muitos sofrimentos, como apego e ganância, aversão e raiva. A não aceitação dos acontecimentos gera depressão e revolta.
Nossos problemas começam quando nos apegamos a momentos bons, tentando segurar os momentos prazerosos e achando que não irão terminar. Como não queremos ter consciência da impermanência da vida, pensamos que podemos segurar a vida e evitar os momentos desafiantes e de dor.
Não estamos preparados para as mudanças que podem acontecer. No Yoga, chamamos essa ilusão de apego por acharmos que temos controle sobre a duração da felicidade ou da vida.
Resiliência: viva momento a momento, um dia de cada vez
Para tentar satisfazer nossos desejos sensoriais, procuramos evitar o sofrimento. Mas o sofrimento faz parte da vida e nem sempre podemos evitá-lo. Precisamos saber lidar com ele, enfrentá-lo, ter a resiliência, e a força interior para transformar o sofrimento em oportunidades de crescimento interior, evolução e aprendizado.
Através da sabedoria dos ensinamentos da Filosofia do Yoga, da meditação, das práticas espirituais, da caridade, vamos aprendendo a diminuir nossas dores da alma e dores físicas. Ao nos conscientizar da dor dos outros à nossa volta, percebemos a necessidade de ajudá-los. Daí surge a virtude da compaixão que é uma grande chave para nossa libertação e iluminação. Ao ajudar os outros, nós nos ajudamos e nos livramos de nossas inquietações e medos.
Compaixão é uma qualidade essencial. Não é sentir piedade ou pena. É uma atitude de valorizar a outra pessoa. E, percebermos que todos somos iguais perante a Deus. É abrir nosso coração para sentir compreensão, amor em ação e bondade. A compaixão vai se desenvolvendo à medida que cultivamos a equanimidade, o não julgar, o não criticar e passarmos a ter o mesmo zelo pelo bem-estar dos outros como temos pelo nosso.
Ao praticar a generosidade, a amabilidade, a paciência, a aceitação, a compaixão tornamos nossos relacionamentos mais verdadeiros e espontâneos. Por meio destas virtudes, edificamos um mundo mais humano e aprendemos a eliminar tanto o nosso sofrimento como o dos outros, e dessa maneira, sentimos mais paz e bem-estar.
Para entendermos melhor os altos e baixos da vida, temos que compreender a lei karmica, lei de causa e efeito, lei da impermanência do planeta Terra. Karma não é punição, é a lei de ação e reação. É aprendizado e evolução espiritual.
Você pode mudar o seu karma
O Karma não é um destino imutável. Pode ser diminuído ou transformável, pois temos pequenas sementes cármicas, boas ou más, que têm o potencial de produzir frutos bons ou maus. Daí surge o entendimento, de que podemos mudar nosso destino, podemos segurar as rédeas da mente, desenvolvendo virtudes, tesouros interiores que já existem em nós e apenas precisam ser desenvolvidos para se manifestarem.
A realidade de nossa vida cotidiana é o resultado cármico dos nossos pensamentos, intenções, palavras e ações nessa vida e em vidas passadas. Quanto maior a bondade e compaixão de uma pessoa, maiores as suas experiências subjetivas de paz e alegria. Quanto maior a negatividade, maior o seu sofrimento, revolta e dor.
Como ensina o Yoga: “Permaneça no presente. Este é o momento. Sem momento presente, não há alicerce para nada mais. É somente no presente que você tem o poder de mudar o que não está funcionando para você, ou de manter as coisas que estão funcionando bem para você, para os outros e para o mundo”.
O tecido da vida é feito de acontecimentos. Acontecimentos passados moldam o presente. Acontecimentos do presente moldam o futuro. A existência mundana é um constante desfile de acontecimentos bons ou não. Temos que compreender o valor de cada momento. Precisamos de muita força interior, resiliência para superar as dificuldades. Com a ajuda da coragem e firmeza na fé, vamos aprendendo a suportar melhor nossas dificuldades com aceitação e estados mais equilibrados na mente.
Namaste! Deus em mim saúda e agradece o Deus em você! Fique em paz!
Emilce Shrividya Starling
É formada em Yoga pela Federação de Yoga do Brasil e Centro de Estudos de Yoga Narayana/SP com cursos de aperfeiçoamento em Hatha Yoga e Meditação nos Estados Unidos. Foi Professora de Hatha Yoga por 26 anos em Santos/SP. Atualmente ensina Filosofia do Yoga e Meditação.
