por Patricia Gebrim
Ah, o ano novo chegou e desta vez decidi inovar de verdade. Nada de muito agito, nada de festas espetaculares, nada dessas programações enlatadas repletas de clichês, que geram tanta expectativa e acabam deixando um vazio no centro do peito. Nada de roupas maravilhosas, champagne do mais caro ou 'megaproduções'.
Este ano começou simples, com o pé na areia, muito verde ao redor e poucos amigos queridos por perto. Às vezes leva tempo para a gente perceber que o que mais importa pode ser aquilo que está bem ao alcance de nossa mão.
Aliás, muitas foram as descobertas neste breve período que abrangeu o final de um ano e o começo do outro.
A primeira tem a ver com aquilo que de fato traz felicidade, aquela felicidade inocente, aquela que brilha mais do que diamantes, a felicidade da alma. Aquela que sentimos ao fazer alguém feliz (deixe-me ser bem clara: alguém “além” de nós mesmos). Ah… Que descoberta! Nada de ficar brigando apenas pelo que EU quero… Às vezes, mais do que ganhar uma disputa egóica, ficamos felizes simplesmente por fazer alguém feliz. Cuidar do outro pode nos salvar dessa absurda e interminável batalha em pró da satisfação de nossos infinitos “quereres”.
Outra descoberta… Na maioria das vezes o que aparentemente “dá errado” é o que torna algo de verdade especial e divertido. A lagartixa que invade o quarto assustando todo mundo, pegar por engano as havaianas de outra pessoa na saída da prática de yoga, o chapéu que saiu voando para dentro do mar causando em todos um delicioso ataque de riso. Essas coisas que acontecem a todo momento e que, quando estamos suficientemente relaxados, nos fazem rir de nós mesmos e nos lembram que não somos tão perfeitos quanto gostaríamos… ainda bem, afinal a perfeição é tão chata …
Nada melhor do que errar o caminho de vez em quando, ter que enfrentar um desafio não programado… Tentem! Isso une as pessoas, faz com que nos sintamos igualmente vulneráveis, unidos na nossa fragilidade, e essa união nos torna mais fortes.
Aliás, nada como rir para nos conectar com o que temos de melhor.
Quer mais? Bem… tem outra coisa que descobri… Quando inovamos nos sentimos mais vivos. Quando arriscamos algo que nunca tínhamos feito antes, sem medo de parecer bobos, sem nos preocupar com o que pensam os outros. Nestas breves férias eu vi muitas pessoas arriscando o novo. Vi gente séria tirando a gravata e tentando dançar “escravos de jó“ numa roda, vi amantes de hambúrgueres experimentando carne de soja, vi adolescentes que curtem música eletrônica arriscando ouvir mantras sagrados. Como eu admiro isso! Admiro pessoas que arriscam sair de seu mundinho seguro, que expandem as fronteiras de sua experiência, quanta coragem é preciso para isso, para superar essa tendência que temos em nos acomodar ao conhecido, considerando tudo aquilo que foge ao usual, motivo de deboche ou preconceito.
Você quer se sentir mais vivo neste ano que está apenas começando? Bem, aí segue a receita… Vá além.
Além de suas próprias crenças, além de suas verdades. Vá além e abra-se para o novo. Supere os preconceitos que limitam sua experiência. Seja corajoso. Aprenda a perceber quantas vezes você diz não à vida por puro medo. Busque o simples, fuja dos caminhos já tantas vezes percorridos, coloque o pé no chão e deixe sua cabeça flutuar entre as estrelas. E se puder, acredite… Em si mesmo. Nas pessoas. Na vida.