por Eduardo Ferreira Santos
"Acabei de 'coparticipar' de um evento traumático. O navio-plataforma em que trabalho explodiu, matando 9 amigos e ferindo 25. Desembarquei um dia antes da explosão. Isso me causou um estresse muito grande, alterando a minha pressão, mudando meu humor, me deixando com medo de voltar a trabalhar. Não tenho mais prazer nas coisas que antes eram prazerosas para mim. Já se passou um mês e até agora ainda tenho alguns flashes e pesadelos."
Respostas: Por não ter participado DIRETAMENTE do incidente, seu caso é considerado como de vítima secundária desenvolvendo um Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT).
O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) está intimamente associado à exposição da pessoa a um evento extremo estressor externo, violento, envolvendo direta ou indiretamente uma ameaça de morte ou agressão à integridade física de si mesmo ou de outra pessoa próxima ou não que tenha ocorrido no período de tempo de dois meses até cinco anos antes do aparecimento dos sintomas.
Sintomas
Nem sempre a pessoa faz uma associação imediata entre o evento traumático e o aparecimento dos sintomas, particularmente quando o trauma ocorreu já há algum tempo; porém uma boa anamnese (entrevista médica) é capaz de trazer à tona o acontecimento como fator causal de uma transformação na vida do paciente, envolvendo três categorias de sintomas, sendo que nem todos estes podem estar presentes:
1º) Revivência
– Lembranças intrusivas que insistem em invadir a mente, mesmo em momentos de relax, pode ser, por exemplo, a imagem do assaltante que aparece a toda hora;
– Pesadelos do evento traumático surgem em sonhos recorrentes;
– Flashbacks: a vítíma revive a situação traumática com todos os sentimentos que experimentou;
– Sofrimento psicológico ao relembrar do evento;
– Reatividade fisiológica: quando o organismo tem uma reação fisiológica diante da lembraça do trauma, como por exemplo, fazer o coração disparar.
2º) Entorpecimento
– Esforço para evitar pensamentos e sentimentos ligados ao trauma;
– Tentativa de manter distância de atividades, locais ou pessoas associadas ao trauma;
– Incapacidade de recordar toda a cena de violência;
– Redução de interesse em atividades cotidianas como trabalhar e sair com os amigos;
– Sensação de distanciamento das pessoas em geral;
– Restrição da capacidade de sentir afeto;
– Sentimento de futuro abreviado: a pessoa que correu risco de morte acha que pode morrer a qualquer momento.
3º) Hiperestimulação
– Insônia persistente;
– Irritabilidade;
– Dificulade de concentração;
– Hipervigilância: quando a pessoa está em alerta mesmo em momento de relaxamento;
– Sobressalto exagerado: reação exacerbada diante de estímulos, como uma porta que bate por exemplo.
O tratamento é realizado com Psicoterapia Breve integrada à utilização de medicação específica.