Como um homem depois dos 50 lida com a paixão e as emoções?

Por Anette Lewin

O que a leitora nos escreveu:

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“Tenho muito interesse e curiosidade sobre o assunto: comportamento e a idealização da paixão nos meios virtuais. Gostaria de saber mais sobre isso.”

Resposta: As características da paixão, seja nos meios reais, virtuais, em homens, mulheres, em qualquer idade são basicamente as mesmas. A paixão mobiliza, cria uma sensação de urgência, tira a noção de realidade, leva a um estado de êxtase etc.

Seu e-mail levanta duas questões mais específicas: a paixão no meio virtual e a paixão na ótica de um homem de 50 anos.

Vamos começar refletindo sobre a paixão nos meios virtuais. O meio virtual é um campo bastante propício para manter relacionamentos idealizados. Sabe por quê? Porque nesse meio, quando o “amado” diz algo que você não quer ouvir, você pode simplesmente sair do site, desligar o computador, ou simplesmente interromper a conversa dando uma desculpa esfarrapada depois. Ou nunca mais voltar e trocá-lo por outro. Coisa meio difícil num encontro real, não é? Nesse sentido, manter paixões virtuais não é difícil. Vai uma vem outra. E nessa toada a paixão se mantém através de trocas ou interrupções assim que o parceiro real tenta dar o ar de sua graça. As paixões virtuais ocupam assim um espaço que fica entre a paixão real e a paixão platônica, ou seja, a paixão que está apenas em nossa cabeça. Ela não é apenas fruto da nossa imaginação porque uma pessoa real está lá e responde; mas também não é real porque pode deixar de existir apenas com um toque; temos seu “endereço”, mas esse endereço também pode desaparecer sem deixar rastros…

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Podemos dizer então que a paixão virtual serve como transição para a paixão real. Nesse sentido tem lá suas vantagens “pedagógicas”: a paixão virtual pode servir como treino para encarar a paixão real. Para quem quiser viver uma paixão real, é claro.

Como um homem lida com a paixão depois dos 50 anos, você pergunta também. Teoricamente da mesma forma que um de 20, 30 ou 40. A paixão tem como característica tirar a racionalidade de quem se submete a ela. Assim, mesmo que esse homem já tenha vivido outras paixões, quando se apaixonar novamente, tende a ficar tão encantado quanto antes. Talvez a duração do tempo da paixão possa diminuir com a experiência, mas as primeiras sensações tendem a ser iguais. É claro que existem personalidades que não se entregam à paixão por medo de perder o controle. Mas as que se entregam buscam sempre a sensação de estar flutuando, de ousar fazer loucuras pelo ser amado, de ficar obcecadamente se alimentando de paixão. Nesse sentido, idade não faz diferença.

Certamente se alguma paixão causou muita dor a esse homem de 50 anos no passado, ele pode se tornar refratário a ela. E se recusar a qualquer novo relacionamento ou buscar relacionamentos mais racionais, sem tanta entrega. Mas isso é exceção. Em geral quem entende e gosta da paixão, tende a se apaixonar sempre: seja por uma pessoa, por uma atividade, por um lugar etc. E quem não gosta, desenha suas vivências de uma forma mais contida não sentindo falta dos arroubos da paixão.

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 Resumindo: paixão não tem idade e paixões virtuais podem ser usadas como um preparativo para relacionamentos reais. Mas certamente a paixão, real, virtual ou em qualquer fase da vida traz uma sensação mobilizadora e costuma deixar um gosto de quero mais. Isso para quem sabe saboreá-la sem exagerar na dose. Porque passando do limite, ela pode machucar e até matar. Que o digam Romeu e Julieta.
 

Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.