por Dulce Magalhães
Estamos em completa inter-relação com tudo que está ao redor. Especialmente com as pessoas e ainda mais intimamente com aquelas com quem convivemos na família e no trabalho. Todos os nossos relacionamentos falam de nós. Se o mundo é um espelho, precisamos refletir uma melhor imagem e isso exigirá grande transformação de nossa parte. O despertar é urgente.
Por vezes somos movidos por nossos medos e inseguranças, mais do que por nossos afetos e ideais. É preciso refazer o cenário interior e rever a forma como nos relacionamos para criar realidades mais de acordo com nossos sonhos e esperanças.
Refaça seu cenário interior: perguntas para refletir
– Como o sucesso do outro é celebrado em mim?
– Como o sucesso do outro dói em mim como algo que revela minha própria inaptidão?
– Quando expresso minhas opiniões, de que porção de mim parte minha mensagem? Vem da mente? Do coração? Do ego?
– Ao olhar a ação e questionar propósitos sou movido por minha compaixão, pelo interesse coletivo, pelo bem maior, ou o que me move são meus interesses pessoais que podem, inclusive, prejudicar o grupo?
– Sei viver e revelar a temperança? Minhas ações geram bem-aventurança e permitem o desabrochar coletivo?
– Minha mensagem é fruto do amor ou fruto da dor?
– Que consequências percebo com minhas atitudes e ações e como isso me afeta?
– Percebo que meus movimentos na vida me deixam mais centrado, feliz, em harmoniosa dança com os seres com quem compartilho a vida, ou estou em desastrada desarmonia interior, pisando em pés e ferindo pessoas para atender às urgências de minha dor interna?
Essas perguntas nos possibilitam o diagnóstico de nossos passos e a compreensão da jornada que estamos realizando. Poderemos nos beneficiar dessas reflexões se vibrarmos num padrão mais e mais elevado, permitindo que nossa mensagem seja sempre fruto do melhor de nós para o melhor do todo.
Somos a semente e a causa de tudo em nossa própria vida. Sejamos a semente da planta que nutre e a causa que transforma para o bem e para o amor.
Não podemos nos dar ao luxo de perder a amizade, o afeto ou o respeito das pessoas com quem convivemos, ou colocado de outra forma, que parte do corpo nos daríamos ao luxo de perder? Nosso corpo social é o conjunto de todas as nossas relações.
Morremos do jeito que vivemos. Se escolhermos sempre mutilar as partes de nós que se destacam, que realizam sucesso, que fazem acontecer onde tínhamos dificuldade em realizar, onde terminaremos?
Mudhita, um preceito budista que afirma:
– O seu sucesso é o meu sucesso!
Mais que um princípio, é um alerta para nos lembrar que a construção é coletiva, e estamos todos aqui para um só propósito, a realização do todo.
Há um padrão/prisão/doloroso que arranca nossas asas e nos impede de viver em plenitude aquilo que nos está destinado. Esse padrão pode ser traduzido como: “não importa que eu perca, desde que você não ganhe.”
É preciso nos libertarmos desse presídio ilusório onde encerramos nossa existência e sofremos os tormentos do medo que gera controle, da insegurança que gera ciúme, da baixa autoestima que gera inveja. Tudo que dói em nós não está no outro, está em nossa própria lente, que distorce a realidade e cria monstros em jardins verdejantes e ensolarados.
Nossos pensamentos, sentimentos e ações também trarão consequências no plano sutil da vida. Nós não seremos punidos, não receberemos provas dolorosas, nem nenhuma tarefa hercúlea. Será muito pior do que isso, se não mantivermos a vibração elevada, a motivação e a esperança saírão de nosso campo vital. Imediatamente perderemos. É por isso que movimentos nascem e morrem, que projetos nascem e morrem, que nascemos e morremos muitas vezes ao longo de uma vida.
Não temamos nossa dor, mas não a espalhemos por aí. Sejamos mais que responsáveis, sejamos íntegros em nosso desejo e compromisso de viver plenamente, nos colocando realmente como instrumento de uma causa maior, que deve conduzir cada uma de nossas ações e atitudes e não será nenhuma surpresa alcançarmos o pleno e o próspero.