por Ângelo Medina
"Para quem acredita na própria competência, a meta é o céu…" A celebre frase é da escritora e jornalista Regina Maria Azevedo, especializada em desvendar os meandros da mente humana. Entre eles: Psicologia Junguiana, Programação Neurolingüística, Inteligência Emocional…
Nesta entrevista ao Vya Estelar, Regina te leva a abandonar o velho mito de: "Quem não tem competência não se estabelece". A jornalista explica como ser competente nos dias atuais. Fala que competência é habilidade adquirida; resultado de dedicação e treino. Apresenta os quatro estágios do processo da competência e as cinco estratégias para poder atingí-la. Explica como driblar uma bronca do chefe. A escritora também elaborou um teste, para você avaliar como anda sua competência.
Vya Estelar – O que vem a ser competência?
Regina – Gosto muito da definição de Richard Bandler, um dos criadores da programação neurolingüística. Para ele, você é uma pessoa competente, na medida em que você faz, cada vez mais rápido e melhor, aquilo que você sabe fazer. Antigamente, só o fazer tornava uma pessoa competente. Hoje, você tem que se superar. Fazer melhor e mais rápido. Criou-se um mito da competência, ligada à capacidade intelectual. As pessoas mais inteligentes, seriam as mais competentes. Na realidade, todo ser tem algum tipo de competência. Se for adequadamente explorada, com certeza, atinge-se o resultado desejado.
Vya Estelar – Qual é o primeiro passo para se tornar competente?
Regina – Acreditar que pode ser competente em várias frentes. Se você foi competente em uma coisa, com dedicação e treino, será também em outra. Competência é uma questão de dedicação e treino.
"Competência está ligada a motivação. É adquirida. Não é um dom e pode ser conquistada."
Vya Estelar – Quais são os quatro estágios básicos para se tornar competente?
Regina – O primeiro estágio a ser superado é o da incompetência inconsciente. Neste momento, você ainda não sabe que não sabe. Pode parecer muito simples, fazer um passo numa coreografia, pintar um quadro ou cantar. No entanto, quando nos dispomos a estes desafios, percebemos o quanto somos desajeitados.
O segundo estágio : é o da incompetência consciente. Você já sabe que não sabe e começa a criar estratégias para superar as dificuldades.
O terceiro estágio: é o da competência consciente. Através de seu empenho pessoal – muita vezes com a ajuda de terceiros – você descobre que é capaz de dançar, solfejar e pintar.
O quarto estágio: é o da competência inconsciente. É quando você aprende a ligar o "piloto automático" e passa a realizar tarefas sem qualquer esforço ou embaraço. Basta verificar as dificuldades, que uma pessoa tem, quando começa a dirigir. Ao se tornar craque no volante, passa a fazer tudo automaticamente.
Vya Estelar – Quais são as cinco estratégias para se tornar competente?
As estratégias
Regina – Reconheça suas ignorâncias e seus pontos fracos.
Descubra maneiras para realizar as tarefas que considera difíceis. Experimente seguir as estratégias das pessoas que se realizam com sucesso, até encontrar o método próprio.
Considere o valor humano que se beneficiará com o seu trabalho e não apenas o valor material que receberá em troca.
Repita etapas até automatizar o processo de competência para uma determinada realização.
Valorize sempre cada vitória, por mínima que seja. Cada conquista alicerça mais e mais a sua competência.
Vya Estelar – Qual é a relação da competência com prazo?
Regina – Você tem que avaliar quanto tempo vai levar para concluir o seu objetivo, para ver se vai ter motivação para concretizá-lo. Qualquer um pode ser competente, mas é preciso avaliar quanto tempo será necessário para adquirir uma determinada competência. O tempo é o nosso fator limitante para atingir resultados em várias frentes.
Vya Estelar – Como a pessoa deve agir, se convive com um chefe estressado?
Regina – Mudar o comportamento, faz com que o comportamento do chefe também mude. Se o chefe gritou, você deve analisar porque ele gritou. Se gritou, simplesmente, para aparecer. Você tem que resignificar o que o sujeito faz. Se você tiver flexibilidade aquilo não te agride, não te atinge e nem te diminui. Porém, as pessoas são muitos sensíveis neste aspecto e levam sempre para o lado pessoal. Você deve falar a mesma linguagem do seu chefe. Entrar em sintonia com ele. Você tem que ver o conteúdo do grito. Se o cara grita quando está irritado, ele quer que você se condoa com a dor dele. Se ele está se sentindo ultrajado, você tem que se ultrajar com ele, mas não contra ele.
"Estar em sintonia com outro, é a regra para você ser considerado competente nas relações interpessoais."
Como driblar a bronca do chefe
Trabalhe os seguintes elementos, da mesma forma que o seu chefe se expressa:
Tom de voz: utilizar o mesmo tom de voz
Tipo de linguagem : se o chefe falou um palavrão, fale um também no meio da conversa, mas não xingando ele. Como já falei, não injuriar contra, mas injuriar com.
Postura: Se ele está em pé, fique em pé, não pode ser ele em pé e você sentado.
Gestos: Acompanhar a intensidade dos gestos. Só para dar uma pequena amostra, se a pessoa faz gestos largos, faça gestos largos. Isto não significa, que você tem que se tornar um marionete, que copia os gestos dele.
Vya Estelar – Por que seguir estes padrões?
Regina – Dentro da programação neurolingüística, na eficiência de uma comunicação, o gestual representa 55%, o tom de voz 38% e as palavras 7%. Logo, a forma de comunicação é muito mais importante que o conteúdo desta comunicação. A pessoa acaba entrando em sintonia com você, porque já possui toda essa gama de registros no inconsciente dela.
Essas técnicas podem ser aplicadas em todas as relações interpessoais: profissionais, afetivas e sociais.
Vya Estelar – Como a pessoa deve avaliar suas ações no ambiente de trabalho?
Regina – A pessoa tem que se comportar como causa de suas ações e não como efeito. Por exemplo, se a pessoa tem uma relação ruim com o chefe. Ela não deve avaliar a situação superficialmente, achando, simplesmente, que o chefe não gosta dela. Tudo tem um principio de causa, com quem está envolvido na ação. A pessoa deve avaliar a situação, pensando em como evitar algo, que traga resultado indesejado. Agir como efeito é por a culpa em fatores externos, agindo como um coitadinho.
Vya Estelar – Como é esta relação de motivação e competência no ambiente de trabalho?
Regina – É fundamental que chefes e diretores sejam competentes para motivar a mão de obra humana de seus subordinados. O aproveitamento da habilidade natural, adequada a uma determinada função, é importantíssimo.
Vya Estelar – A motivação é, sem dúvida, um dos grandes pilares da competência. Como adquirir motivação?
Regina – Alguns acreditam que o dinheiro é a motivação única. Acreditam que o reconhecimento vem através dos zeros do salário. Quanto mais zeros, melhor você é. Outros acreditam na notoriedade, tipo madre Tereza. Toda pessoa que se motiva, é aquela que sabe delinear objetivos. Caso contrário, atira para tudo quanto é lado e não consegue um caminho único, para atingir um objetivo.
Objetivo e meta objetivo uma nobre aliança
Objetivo tem que ser conjugado com o meta objetivo, ou seja, o que você vai ganhar quando estiver com o objetivo realizado. O meta objetivo é aquilo que transcende a finalidade última do objetivo. Por exemplo, o sujeito quer ser um médico bem sucedido, para ganhar bastante dinheiro e poder viajar o mundo inteiro. Então o meta objetivo dele é viajar o mundo inteiro. A motivação é o que ele vai conseguir depois e não o fato de ser um médico. Enfim, o meta objetivo é uma conseqüência do objetivo.
Vya Estelar – Como saber a hora de mudar de emprego?
Regina – Vai depender do agente motivador: dinheiro, notoriedade… A pessoa não deve pedir demissão porque algo está indo mal ou porque haverá cortes na empresa. Esta decisão não pode vir de fatores externos. Tem que ser uma decisão muito pessoal, motivada por algum agente interno.
Vya Estelar – A pessoa que "empurra" suas funções para um outro companheiro de trabalho desempenhar, é uma pessoa incompetente?
Regina – Não dá para dizer que esta pessoa é totalmente incompetente, mas naquele momento a pessoa está incompetente. Porque a competência tem que ter um resultado final desejado. Talvez naquele momento, a pessoa esteja no nível de incompetência inconsciente. Ela ainda não sabe, que não sabe fazer. Porém, estando ou sendo incompetente, para o resultado final, não faz diferença, pois o objetivo não foi concretizado.