por Elisandra Vilella G. Sé
Com o processo de envelhecimento ocorrem mudanças significativas nas áreas da autonomia, na capacidade física, cognitiva e na interação social, que refletem nas competências no cotidiano do indivíduo. A competência no cotidiano de pessoas idosas se refere às capacidades de realizar tarefas do dia-a-dia, a manutenção pró-ativa de uma vida boa e saudável, independente, apesar das restrições da velhice.
É a capacidade das pessoas manterem uma vida autônoma, realizando tarefas cheias de sentidos. É a capacidade de viver nos seus contextos espaciais e sociais.
Por razões sociais e práticas, para um envelhecimento bem-sucedido é importante sempre avaliar que competências ainda se preservam na sua vida? Quais podem ser reaprendidas? E quais podem ser alcançadas? Essa autoavaliação é uma avaliação dos seus potenciais. São importantes para um processo de inclusão social, reabilitação, adaptação a algum evento que ocorreu na sua vida (por exemplo aposentadoria, mudança de moradia, problemas de saúde, etc.).
É relevante que se trate hoje das competências no cotidiano dos idosos atuais e dos idosos de amanhã. Os "novos idosos" serão as pessoas que irão possuir novos conhecimentos, novas técnicas, outras competências, como por exemplo o uso do carro próprio, uso da internet, lidar com tecnologias, maior mobilidade, etc…
Existe em gerontologia tendências de pesquisa para as competências no cotidiano na velhice que mostram os desafios que os idosos enfrentam para realizar as atividades do dia-a-dia de forma efetiva e a superação das dificuldades nas tarefas do dia-a-dia.
Competências no cotidiano
Quando se fala de competências no cotidiano estão relacionadas às capacidades de a pessoa realizar atividades básicas de vida diária:
– Autocuidado, uso do toalete, tomar banho, preparo das refeições…
– Atividades instrumentais de vida diária: fazer compras, uso do meio de transporte, telefonar, tomar medicamentos, lidar com questões financeiras, arrumar a casa, viajar…
– Capacidade cognitiva: consiste em usar o conhecimento para resolução de problemas;
– Capacidade de realizar atividades intensivas tais como atividades de lazer, prática de esportes, hobbies, atividades culturais;
– Capacidades de enfrentar os desafios da vida e do envelhecimento, na vida pessoal e no seu trabalho, são "formas de enfrentar", "formas de reação", chamadas estratégias de coping; formas de enfrentar os pequenos problemas do cotidiano até eventos críticos da vida;
– Capacidades de organização temporal das atividades, refere-se ao planejamento de ações, afazeres, compromissos e capacidades chamadas ecológica-gerontológica que significa uma preocupação metódica com o cotidiano, se posicionar com atenção às condições contextuais, com o ambiente espacial e fatos culturais, é a capacidade de estar atento às notícias e acontecimentos no mundo.
A manutenção de uma vida ativa, o cuidado com a saúde, a atenção dada a essas capacidades, os padrões de interação dessas capacidades, podem fortalecer ou enfraquecer as competências no cotidiano ao longo da vida.
Assim as competências no cotidiano e a sua manutenção dependem de condições antecedentes, mecanismos biológicos satisfatórios, saúde física e mental, aptidão física e psíquica, bom humor, motivação, oportunidades culturais, incentivo e autoestima, componentes contextuais (o locus onde tudo acontece), situacionais ou circunstanciais, intraindividuais que ajudam a prever os efeitos da competência no cotidiano em relação ao bem-estar psíquico e físico na velhice.
As competências no cotidiano podem ser mantidas numa perspectiva de capacidade (engajamento em determinadas atividades); numa perspectiva de maestria (percepção subjetiva de conseguir lidar com as suas capacidades) e numa perspectiva de adequação (adequar, adaptar, capacidades e desafio do contexto).
O ambiente social e espacial, influencia de forma direta nas facilidades ou dificuldade em adquirir e manter as competências no cotidiano de pessoas idosas. Portanto, o papel da família, do cuidador e de profissionais na área de gerontologia é importantíssimo.
Competência no cotidiano se manifesta nas experiências e no comportamento em contextos no dia-a-dia. Essa competência deve ser sempre vista como resultado de uma interação de fatores objetivos da pessoa, com metas e expectativas próprias e também de condições pré-existentes de uma sociedade preparada para ser composta por adultos e idosos. Como será no futuro próximo.