por Thaís Petroff
“O que leva a pessoa a furtar, é uma sensação crescente de tensão antes do furto e uma alívio dessa tensão, prazer ou satisfação após cometê-lo”
A característica principal da cleptomania é o fracasso persistente em resistir a impulsos de furtar objetos.
Desse modo, esse comportamento ocorre inúmeras vezes desassociado da carência financeira. Em outras palavras, os objetos são furtados apesar de geralmente terem pouco valor monetário ou utilidade para a pessoa. Essa teria condições de comprá-los e não é raro dá-los de presente ou jogá-los fora. Às vezes, o indivíduo pode colecionar os objetos furtados ou devolvê-los disfarçadamente. Embora geralmente as pessoas com esse transtorno evitem furtar quando haja uma possibilidade de detenção imediata (por ex: na presença de um policial), elas não costumam planejar seus furtos anteriormente e nem avaliam corretamente as chances existentes de serem presas. O furto ocorre sem auxílio ou colaboração de outras pessoas.
O que leva a pessoa a furtar, é uma sensação crescente de tensão antes do furto e uma alívio dessa tensão, prazer ou satisfação após cometê-lo. O furto não é cometido para expressar raiva ou vingança. Há a consciência de que o ato é errado e sem sentido. O indivíduo com frequência tem medo de ser pego e se sente triste ou culpado em relação aos furtos.
A cleptomania é uma condição rara, que parece ocorrer em menos de 5% de pessoas que cometem furtos em lojas. Ela parece ser mais comum entre mulheres, embora não se saiba a razão disso.
A cleptomania deve ser diferenciada de atos comuns de roubo e furtos. O furto comum (planejado ou impulsivo) é deliberado e motivado pela utilidade do objeto ou por seu valor monetário. Algumas pessoas, especialmente adolescentes, também podem furtar como um ato de rebeldia, de aceitação pela turma ou como um *rito de passagem.
O tratamento baseia-se em acompanhamento psicoterapêutico e psiquiátrico. A TCC demonstra ter bons resultados na diminuição de incidências e maior controle sobre os episódios de cleptomania, como demonstrado em estudos e pesquisas.
* Rito de passagem: ato realizado pela pessoa para oficializar sua passagem de uma fase de vida para a outra. Na comunidade indígena há muito isso. Por ex: o garoto índio para poder entrar no mundo adulto é enviado para caçar uma animal ou ficar longe da tribo e sobreviver sozinho por alguns dias. Na nossa sociedade, em alguns grupos de adolescentes, é solicitado que seus membros (ou alguém que queira ingressar nele) provem que sejam merecedores e aí, por exemplo, eles têm de roubar algo de valor ou fazer algo perigoso como prova.