por Thaís Petroff
Fazer compras, jogar ou até fazer exercícios físicos podem ser considerados por muitos como lazer ou diversão, mas para outros, pode se tornar uma doença.
Para alguns, essas atividades são estímulos para que percam, inclusive, totalmente o controle. Quando isso ocorre, estamos lidando com um Transtorno do Controle do Impulso, que segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde): “A característica essencial é a falha em resistir a um impulso, instinto, ou desejo de realizar um ato que é prejudicial ao indivíduo ou a outras pessoas”.
A ação em si pode não ser prejudicial ou perigosa de início. No entanto, esse transtorno caracteriza-se pela repetição dos atos; assim como ausência de motivação racional clara (motivo lógico); o que leva a pessoa a tornar-se instável afetivamente; ter dificuldades em sustentar sua atenção; em reconhecer e se comportar de acordo com regras sociais; *tolerar o adiamento de uma gratificação e/ou controlar impulsos agressivos. Consequentemente, isso faz com que ela sempre ao se engajar em determinada atividade, isso resulte em malefícios para ela ou para os outros.
A pessoa com esse transtorno em geral sente uma crescente tensão ou excitação antes de cometer o ato e um alívio após fazê-lo. Pode ou não acontecer que depois disso haja arrependimento, autorrecriminação ou culpa. A descrição das pessoas com esses transtornos indica que seu comportamento está associado a impulsos para agir (ou seja, sem um pensamento antecedente) o que as diferencia de pessoas com compulsão (que necessariamente teriam um pensamento obsessivo, antes de cometer o comportamento compulsivo).
A causa para esses transtornos ainda não é totalmente conhecida. A hipótese é que haja variáveis genéticas, de educação e convivência familiar. Além da maneira pela qual a pessoa aprende a lidar com suas questões pessoais e seus problemas desde a infância.
Existem alguns transtornos que se incluem nessa classificação (de Transtornos do Controle do Impulso). Descreverei primeiramente a oniomania e posteriormente, em outros textos, os outros transtornos.
Oniomania
A oniomania (do grego: oné – comprar e mania – loucura/insanidade), se caracteriza por um excesso de preocupações e desejos relacionados com a aquisição de objetos e por um comportamento caracterizado pela incapacidade de controlar suas compras e gastos financeiros. A oniomania acomete mais mulheres do que homens. A razão disso ainda não é muito clara, mas estima-se que fatores genéticos e históricos componham essa explicação.
Encontra-se dentro da classificação de Transtorno do Controle do Impulso, pois há como já explicado uma falha em resistir aos desejos ou impulsos de comprar.
Há relatos de comportamentos de descontrole com compras que datam do século 18. Sendo assim, não é uma doença unicamente de nosso século, mas obviamente com o advento do cartão de crédito, das compras via catálogos e/ou internet e dos canais televisivos dedicados às vendas aumentou-se a variedade e facilidade, promovendo um aumento nesse quadro.
Compra de uma pessoa não portadora de oniomania:
– Avalia a necessidade de compra;
– Avalia suas possibilidades de comprar, pagar, guardar etc;
– Faz uma pesquisa de preço e de condições de pagamento;
– Consulta outras pessoas a respeito da compra;
– Busca negociar sempre que possível;
– Decide comprar após ter refletido sobre isso;
– Compra apenas o programado.
Compra de quem sofre de oniomania:
– Preocupações excessivas ou impulsos frequentes que são sentidos como irresistíveis, intrusivos ou sem sentido;
– Perda de controle sobre o ato de comprar;
– Compra de itens que não são necessários;
– Aumento progressivo do volume de compras – compras frequentes;
– Tentativas frustradas de reduzir ou controlar as compras;
– Comprar para lidar com a angústia, tristeza, raiva ou outra emoção negativa;
– Mentiras para encobrir o descontrole com compras;
– Interferência significativa nas áreas social, profissional e familiar;
– Problemas financeiros causados por compras – comprar mais do que pode pagar;
– Consumo de tempo ligado a compras.
* Gratificação no presente: tem dificuldade em esperar por algo mesmo que saibam que o terão em algum tempo.