por Edson Toledo
Você já passou pela experiência de comprar por impulso e depois ter de lidar com um tremendo arrependimento? É quase impossível achar quem nunca tenha cometido esse deslize, mas há um grupo de pessoas para o qual esse comportamento se tornou um verdadeiro pesadelo. Hoje, são contabilizados mais de 18 milhões de americanos que sofrem com esse problema – não há estatísticas brasileiras.
Descrito pela primeira vez no início do século XX, e atingindo cerca de 8% da população atualmente, a compra compulsiva, ou oniomania, pode levar famílias e suas contas bancárias à total devastação.
Talvez seja muito difícil lidar com o apelo do comércio para garantir que seus produtos sejam vendidos: folhetos, cartazes em shoppings, e-mails, televisão, canais de compras; a mídia está ai o tempo todo criando necessidades liquidas e descartáveis. Viramos uma sociedade em que comprar é sinônimo de recreação. Estamos sempre “dando uma olhada” nas vitrines. Em alguns casos, porém, esse comportamento se torna incontrolável. E você como lida com isso?
Alguém só é considerado um comprador compulsivo quando é incapaz de controlar o desejo de comprar e seus gastos se tornam excessivos.
Antes de cometer o ato sobre o qual não tem controle, é comum que o consumidor compulsivo apresente grande euforia ou excitação. Já durante a compra, experimenta sensações de prazer e muita gratificação. Após, pode sentir alívio e, em vários casos, muita culpa ou remorso.
Quando por algum motivo, são impedidos de comprar, costumam relatar sensações de angústia, frustração e irritabilidade.
O comprador compulsivo consome pelo prazer de consumir, não pela real necessidade do objeto, e adquire mais produtos relacionados à aparência – roupa da moda, sapatos, joias e relógios – do que outros tipos.
Podemos traçar um paralelo entre a compulsão por compras e as dependências químicas. Em ambos os casos, há perda de controle; o paciente se expõe a situações danosas para si e para os outros.
Será que tenho compulsão para comprar?
Responda as questões abaixo, e se você responder “sim” a mais de quatro questões sugiro que procure ajuda:
1. Você tem preocupação excessiva com compras?
2. Muitas vezes, acaba perdendo o controle e comprando mais do que deveria ou poderia?
3. Já tentou e não conseguiu reduzir ou controlar as compras?
4. Você percebe se faz compras como forma de aliviar a angústia, a tristeza ou qualquer outra emoção negativa?
5. Mente para encobrir o descontrole e as quantias que gastou?
6. Tem problemas financeiros causados por compras?
Outro aspecto a se considerar e o que para diferenciar uma compra normal de uma compulsiva, não podemos nos basear na quantidade de dinheiro gasto ou na renda, mas sim na extensão das preocupações, no grau de angústia sofrida pela pessoa e nas consequências adversar e negativas.
4 fases da compra compulsiva
Um episódio de compra compulsiva pode ser caracterizado por quatro fases:
1. Antecipação: o comprador compulsivo tem pensamentos, anseios ou preocupações com a aquisição de um determinado objeto ou com a necessidade de se realizar uma compra em si.
2. Preparação: para ir às compras, ou seja, pesquisar o objeto desejado, definir a roupa que irá vestir, a tomada de decisão de quando for, escolher o local e como será feito o pagamento (cartão de crédito, cheque, dinheiro).
3. A compra: momento em que o comprador compulsivo relata a experiência emocional do ato de comprar, a fissura e o êxtase.
4. A compra é consumada: muitas vezes, depois que tudo passou, a sensação de decepção consigo mesmo é de sentimentos negativos como culpa e arrependimento são percebidos pelo comprador compulsivo.
Assim, se você já perdeu o controle, peça ajuda psicoterapêutica. Em um cenário em que somos constantemente bombardeados, comprar se tornou uma forma eficaz de anestesiar nossos sentimentos ruins e com sérios prejuízos familiares, sociais, profissionais e econômicos.