por Thaís Petroff
Quando uma pessoa age de determinado modo, e esse modo te machuca, você pode sofrer ou tentar perceber quais motivos levaram a pessoa a agir assim, bem como, perseguir o perdão.
Todas essas escolhas são igualmente benéficas, porque nos auxiliam a ficarmos bem conosco, bem como amadurecermos.
No entanto, não é por que treino ampliar minha consciência e/ou minha compaixão, que ao perceber que repetidamente determinado comportamento de uma pessoa me machuca, preciso continuar me expondo a ele.
Podemos ter o intento de julgar menos, compreender e acolher mais, mas isso não faz de nós seres coniventes e nem disponíveis para os maus tratos do outro.
Ser compreensivo e compassivo quer dizer buscar enxergar as atitudes das pessoas sob uma ótica global. Ou seja, percebendo as situações pelas quais essas pessoas passaram e as feridas que carregam, feridas essas que influenciam suas escolhas e comportamentos.
Ver o outro sob essa perspectiva nos ajuda a nem nos colocarmos acima e nem abaixo dele, somente com um ser afim, que também carrega suas cicatrizes. Isso cria mais senso de solidariedade e mais proximidade. No entanto, não é por que posso compreender os motivos que levaram alguém a agir de determinado modo que me feriu e, com base nisso até perdoá-lo, que preciso me manter na situação de continuar sendo agredido.
Compreender, ter compaixão e perdoar nada tem a ver com "dar a outra face". Podemos desenvolver essas percepções e, ao mesmo tempo, escolher nos preservarmos optando, por exemplo, diminuir ou cortar contato com essa pessoa que age de uma maneira que machuca. Ela tem seu livre-arbítrio para manter seu comportamento e eu posso entender e aceitar isso, bem como também tenho direito ao meu livre-arbítrio de optar por não mais me expor a esse contexto.
Compreensão e respeito para com o outro se tornam tão ou mais possíveis quando praticamos isso conosco.