por Pedro Tornaghi
Uma roda é algo que possui um centro e uma periferia. E raios que ligam uma região à outra.
A palavra chakra em sânscrito significa literalmente "roda", uma imagem que sintetiza e abarca os mais diversos significados do que seja um chakra.
Sendo redondos, os chakras se relacionam em uma dimensão com nosso centro e em outra com nossa periferia. É possível através deles transitar entre a realidade espiritual mais profunda e as camadas mais superficiais de nossa psicologia ou mesmo de nossas relações cotidianas. Dessa maneira ao desenvolvermos intimidade com nossos sete chakras, desvendamos e reconhecemos neles, além de elos naturais de ligação, instrumentos de harmonização entre o que temos de mais particular dentro de nós e nossos relacionamentos externos. Os chakras nos apresentam a possibilidade de estarmos presentes com aquilo que temos de mais verdadeiro dentro de nós, em momentos de diálogo com o mundo em que vivemos, um mundo onde as relações são manipuladas e pretendem ignorar nossa autenticidade.
Sim, os chakras possibilitam o que parece impossível a muitos: que consigamos lidar com as limitações mais absurdas à expressão de nossos sentimentos e impressões autênticos, sem que precisemos trair a nós mesmos.
E os chakras são algo vivo!
Sim, uma roda não é apenas um círculo, nem é apenas um objeto, um substantivo, é muito mais uma conjugação de verbo, um objeto destinado a "rodar"; algo vocacionado para o movimento, para evoluir nas estradas da vida e atravessar a aventura da existência com dinamismo e vida própria.
Os chakras são realidades vibrantes, pulsantes em nós, dessa maneira, tornam "palpáveis" e acessíveis nossas dimensões mais sutis. Se você se treina para senti-los, você se habilita a ter acesso a seus segredos mais íntimos. Você se habilita a seguir na estrada da vida, encontrando maneiras elegantes e "redondas" de lidar com as limitações impostas pela sociedade castradora, sem ter que evitar, abortar ou nem mesmo limitar seu crescimento.
Sim, os chakras proporcionam uma chance de afinar o girar do seu eixo interno com o do mundo à sua volta, de criar nexo entre seu diapasão pessoal e a sinfonia – seja ela caótica ou harmônica – do mundo que o cerca.
E mais, quando você habita seus chakras, percebe que o círculo é nada mais nada menos do que a projeção do ponto, a ampliação deste. Dessa maneira, a sociedade, restritiva a você, se revela como nada mais nada menos que uma projeção sua. Você percebe que ao mudar seu girar interno, você está mudando o eixo da roda da sociedade à sua volta, todos os problemas que você identificava ao seu redor, e aos quais se sentia impotente para mudar, começam a mudar no momento em que você muda. No instante em que você deixa de girar, a roda da sociedade também deixa de girar e, roda parada, não para de pé. Toda a opressora circunstância social em volta de você, se esvai. Como num passe de mágica, como num passe de candomblé.
Os chakras são locais onde o seu umbigo, o umbigo que você já possuía antes de seu nascimento, antes mesmo da concepção, se liga ao umbigo do Universo e ao mesmo tempo, ao umbigo do mundo ao seu redor. Os chakras representam uma possibilidade de relacionamento lúcido com todas as contradições que o cercam, uma oportunidade de encontrar sentido no aparente não sentido de tudo que o cerca.
Sim, descobrir a realidade dos próprios chakras é descobrir a roda que pode colocar a sua vida para girar, e em torno do que diz respeito a suas necessidades mais legítimas.
O círculo (conforme imagem abaixo) é um ponto ampliado ou estendido. O círculo e o ponto possuem muito em comum, ambos são símbolos de perfeição e de equilíbrio, ambos são símbolos de equanimidade ante às variações do que os cerca.
O círculo é a "aura" do ponto, uma projeção externa dele. O centro do ponto, quando é possível posicionar-se nele, permite relacionar-se com toda a periferia que o circunda, de maneira equânime. Assim, atingir o centro de seu chakra significa adquirir equilíbrio na relação com o mundo que o cerca, mesmo que este esteja em caótica desordem.
Sim, mas os chakras podem significar mais do que um meio de viabilizar nossa autonomia de percepção e atitudes sem conflitos com o mundo que nos cerca; os raios da roda são também indicadores, sempre presentes, em qualquer momento e lugar que estejamos da roda, de nosso por que de estarmos vivos. Sim, todos os raios provêm do centro e indicam o caminho até ele. Se o contato com o chakra é verdadeiro, o caminho que ele indica também é pura verdade.
E, para que o contato seja verdadeiro e não fantasioso, nada melhor do que valer-se da respiração para realizá-lo. Valer-se da energia e do sentimento da respiração. Em uma experiência direta e sem intermediários.
Sim, sim! Chakras são vibração, são energia, em movimento. A respiração fala de igual para igual com eles, ela também é energia e vibração, em movimento. Se os chakras são uma ponte entre nosso universo consciente e inconsciente, a respiração também o é. E, ao contatá-los com a respiração, contatamos não teoricamente, mas vivencialmente; para depois, a partir da experiência, surgir a consciência.
A respiração é capaz de acordar um chakra – ou todos. E algo acordado passa a falar por si, e passa a ser muito mais facilmente percebido do que algo adormecido. A respiração acorda as rodas de moinho de vento dos chakras e, acordando-as, esses passam a dar corda em nosso coração, em nosso discernimento, em nosso sentimento, em tudo o que temos de mais digno, original e genuíno. E a respiração é capaz, ao mesmo tempo, de nos sensibilizar, para que participemos, conscientemente dessa nossa nova realidade.
Sim, sim, sim! As técnicas de respiração relacionadas aos chakras são um caminho direto rumo ao maior tesouro que podemos ter nessa vida: a experiência de chegarmos ao nosso núcleo sem termos que abrir mão da possibilidade de um relacionamento sadio com as pessoas e o mundo em que vivemos. Quaisquer que sejam as circunstâncias que o mundo teime em nos apresentar em uma primeira cartada.