por Nicole Witek
Semana passada meu mundo foi um passeio pelo mundo das gestantes. Tive contato com muitas grávidas e ouvi muitas perguntas. Aproveito então esta coluna para dar mais informações sobre esse período de ”criação” da mulher, que gera tantas adaptações em todos os níveis do ser: tanto físico como psíquico.
Dores lombares, inchaço nas pernas, falta de ar e saúde do assoalho pélvico, são as principais dificuldades para se adaptar ao longo dos nove meses de gestação.
Evidentemente, uma gestante que já tenha o hábito de praticar esportes ou que simplesmente tenha uma vida com atividades físicas, terá mais chances de atravessar esse período sentindo mais bem-estar. Por quê?
Dores lombares
A coluna vertebral se adapta ao aumento de peso. O peso atrai o ventre para frente e para baixo. A musculatura deverá resistir a esse aumento, sendo que o mais recomendado é 9 kg a mais em seu peso, mas raramente as gestantes conseguem ficar dentro dessa faixa. Infelizmente, porque ganhar mais peso do que isso aumenta também a dificuldade para voltar a uma vida normal.
Praticar yoga se torna um auxilio fantástico para a gestação.
Do ponto de vista da condição física, as posturas propostas com o Hatha Yoga, são excelentes, pois trabalham os músculos em isometria. Ou seja, são tonificados sem aumento de volume.
A conscientização de cada segmento do corpo durante a sessão de yoga, permite que a gestante perceba os erros. Principalmente os erros de estática. Garantir a posição correta da bacia é essencial para garantir uma coluna sadia ao longo da gestação.
Essa consciência leva a perceber “comprimentos” e “ângulos” a serem corrigidos, o que nenhuma outra atividade física – esta palavra é um *fraco resumido das posturas de yoga – incentiva. Se não for através do yoga, o seu fisioterapeuta será a única pessoa a perceber as falhas da sua postura.
Ao mesmo tempo, os músculos que costumam se contrair nas atividades diárias, durante a aula, têm uma oportunidade única de soltar suas tensões e liberar as várias circulações, começando pela circulação sanguínea.
Inchaço das pernas
A circulação sanguínea, principalmente a **circulação venosa de retorno, fica prejudicada pelo volume do seu ventre. O volume de sangue no corpo da mulher pode aumentar de 1 até 5 kg.
A impregnação hormonal, a prisão de ventre, a compressão do útero sobre os grandes vasos abdominais podem desencadear dores nas pernas, varizes, ou edemas dos membros inferiores.
Além das previdências de bom senso: alimentação, e/ou evitar tudo que pode agravar o sintoma, mais uma vez, o yoga é o aliado perfeito.
Mesmo que o diafragma – musculo principal da respiração, localizado entre o aparelho respiratório e o aparelho digestivo – esteja impedido de atuar como deveria, por causa do volume do útero, a mãe aprenderá a respirar usando outros recursos: elasticidade da musculatura entre as costelas e a respiração dorsal. Ainda mais, ter a consciência da existência e do papel do diafragma quer dizer, na hora de dar à luz, ser capaz de usar com mais eficiência o músculo que será o motor de auxílio das contrações do útero nos últimos minutos. Resultado: menos cansaço, mais eficiência, menos duração e um parto feliz!
O yoga ensina técnicas invertidas, onde as pernas ficam mais altas que o coração o que favorece, passivamente, e pela ação da gravidade, o retorno do sangue e da linfa para o tronco.
Ensina como aumentar o movimento da respiração: reeducando, se for necessário, e despertando a consciência para uma respiração mais produtiva.
Mesmo estando grávida, existem dentro das técnicas propostas, possibilidades de enfatizar os movimentos respiratórios.
Isso se traduzirá não só em uma ajuda mecânica, mas também em um aumento da taxa de oxigênio, tanto para o corpo da mãe como para o corpo do bebê. O que, sem dúvida nenhuma, se torna uma benção para os dois.
Circulação linfática
Mesmo que o líquido linfático tenha uma velocidade de deslocamento mais lenta, as práticas que favorecem a circulação venosa também auxiliam na melhoria da circulação linfática, isso ajuda a evitar o inchaço dos tornozelos e o inchaço geral.
Musculatura abdominal
O fortalecimento dessa musculatura auxilia para a prevenção de dores lombares e será um fator determinante para a estática da bacia e da coluna.
Infelizmente essa musculatura fica esquecida na maioria das atividades físicas.
Uma das maneiras mais simples de trabalhar essa musculatura, para que ela tenha tônus para sustentar o peso do bebê e elasticidade para acompanhar a gestação, é essa: realizar cada esforço, cada mudança de posição, sempre expirando.
A falta de ar
Essa sensação desagradável de faltar de ar será aos poucos diminuída pelo conjunto de exercícios, apesar do bebê crescer e ocupar mais espaço. No final da aula, a gestante terá a sensação gostosa de estar voltando de um passeio na praia ou no campo.
O yoga promove a flexibilidade do aparelho respiratório. Além de uma sensação gostosa, o resultado da sua sessão de yoga será uma melhor oxigenação do sangue. Mesmo que o diafragma ao longo da gestação perca sua mobilidade, os movimentos da respiração – que se tornam torácicos e clavicular -, no final da gestação serão mantidos e intensificados.
Saúde do assoalho pélvico
Mais uma vez, por ser um lugar confluente de três sistemas: digestivos, urinário e reprodutor, essa região necessitará garantir e manter a sua flexibilidade.
O trabalho consciente dessa área do corpo, através do desenvolvimento das diferentes sensações, com a sinergia entre a respiração e a expulsão, trará a mãe a possibilidade de monitorar melhor o parto. Aprendendo durante as aulas as técnicas de relaxamento, ela terá a possibilidade no momento da expulsão, de relaxar rapidamente para ter a força e a energia para acompanhar o parto ativamente.
Acima abordei os assuntos que foram mais falados ao meu redor nesta semana. Essas técnicas estão mais do que atuais para acompanhar cada minuto desse processo de transmissão da vida.
* Fraco resumido: mais uma vez, insisto sobre a sabedoria e a tecnologia das posturas de yoga. O que estou explicando e muito aquém dos benefícios constatados. Os efeitos fisiologicos são fantásticos. Os efeitos psicológicos: o medo da situação nova, o medo das dificuldades, para citar so esses, são trocados pela confiança nos recursos profundo do corpo e a certeza que " tudo vai dar certo". Essa atmosfera de serenidade e indispensavel para uma gestacao feliz.
**Circulação venosa de retorno: o ventre aumentando de volume, às vezes pressiona os grandes vasos das pernas, barrando a circulação do sangue venoso de volta das pernas para o coração.