por Renato Miranda
Para o sucesso no esporte um bom nível de concentração é condição básica. Mas não somente no esporte, assim é também em qualquer setor de nossas vidas. Sem concentração não conseguimos realizar nenhuma atividade de alto rendimento. Uma atividade sem concentração ideal, é uma atividade sem intensidade e sem coerência, portanto, sem qualidade.
Hoje trataremos daquilo que pode ser considerado o oposto da concentração: a distração. Mesmo reconhecendo a importância da concentração muitas vezes, a distração invade a nossa mente e todo nosso esforço para adquirirmos condições para um bom desempenho vai por água abaixo.
Em vários momentos, a distração é provocada por fatores denominados internos ou pessoais. São pensamentos irrelevantes para a execução da tarefa que repercutem negativamente e são os responsáveis para que percamos o nosso foco no que realmente interessa.
Dentre esses fatores no esporte destacamos aqueles que se relacionam perfeitamente com a vida de qualquer pessoa. São eles:
1) Introspecção demasiada: é pensar excessivamente acerca da própria vida e então, como conseqüência, há uma interferência negativa na execução da atividade. É pensar, sobretudo: em problemas pessoais, na repercussão social do sucesso ou fracasso e nos objetivos finais em detrimento da(s) tarefa(s) que proporcionarão a conquista dos mesmos.
2) Tensão demasiada no momento de pressão: nos dias atuais, tanto no esporte como na vida cotidiana, falar de desempenho com qualidade sem pressão por resultados é quase impossível. Portanto, controlar o foco sob pressão é um grande desafio. Ficar muito tenso distrai e desvia a nossa mente para longe da boa execução de tarefas. Assim sendo, a matriz das tensões são as expectativas que a pessoa e daqueles que a cercam tem dela mesma.
3) Analisar excessivamente a técnica da atividade: quando se pensa demasiadamente em como realizar uma atividade, não é possível concentrar-se nos sinais relevantes do momento e a capacidade de avaliar conscientemente qual a melhor decisão a ser tomada fica prejudicada. Por exemplo, quando eu fico pensando excessivamente na maneira como vou escrever um texto, não consigo me concentrar especialmente no conteúdo do mesmo e acabo me distraindo.
Da mesma maneira, se um jogador de voleibol analisa demais como executar a técnica de um saque, não consegue focar os detalhes de posicionamento dos adversários. Por isso, o aprimoramento técnico é fundamental, para que na hora de realizar a tarefa tenha-se autonomia e confiança para “desocupar” a mente. Em outras palavras, não ficar pensando em como fazer. Na verdade quem está concentrado, é porque sabe exatamente como fazer e, portanto, simplesmente faz!
4) Fadiga: Quando se está fatigado física e psicologicamente, força psicofísica e capacidade de relaxar são diminutas, em conseqüência, não há possibilidade de se manter o foco da ação por certo tempo relativamente significativamente, pois, fraqueza e tensão são opostas à concentração. Por isso, um bom nível de condicionamento físico é essencial para uma boa concentração.
Em resumo, a distração interna que tanto prejudica nossa concentração, é uma combinação de vários fatores, por vezes não muito simples de ser avaliada, mas não muito difícil de ser dar o primeiro passo para que ela (a distração) não ocorra. Nesse sentido relaciono as seguintes atividades e comportamentos: exercício físico e da técnica (exigência da tarefa) constantes, descanso, autoconfiança e um pouco de “cabeça fria!” (relaxamento).