Por Ricardo J.A. Leme
A consciência é uma questão humana ainda não solucionada. Quem sabe a mais profunda delas?
No momento atual a ciência a define como: condição de estar perceptivo ao que nos circunda, à própria existência e autopercepção.
Mas afinal, a consciência é uma secreção cerebral, assim como o suco gástrico para o estômago, a bile para o fígado e a urina para os rins, ou o cérebro é antena que recebe e interpreta o conteúdo da consciência?
Para a ciência convencional, o pensamento consciente se assemelha a uma “secreção”, é entendido como um fenômeno emergente. Fenômenos assim designados ocorrem quando uma população grande de células inter-relacionadas leva ao aparecimento de uma função de ordem superior àquela que as células desempenham quando isoladas ou em menor número. Nesse modo de explicação, em decorrência da ação de milhões de sinapses cerebrais entre neurônios, a consciência surge, emerge. (Sobre isso leia mais no livro: The Emerging Physics of Consciousness – Tuszynski, Jack A.).
No entendimento da tradição, que não conta com os votos da ciência moderna, realidades descritas como mente e consciência não resultam de fisiologia cerebral, senão dizem respeito a esferas superiores de nosso ser, como que outro corpo ou veículo, que apenas utiliza o cérebro físico para sua manifestação. Nesse modo de interpretação, o cérebro é apenas antena para pensamentos e a consciência um fenômeno de outra ordem que ancora ao cérebro e se traduz conforme nós a vivenciamos enquanto lemos esse texto, por exemplo.
No desenho “A viagem de Chihiro”, de Miyazaki, a fala: “Quando você conhece uma pessoa, nunca se esquece dela mesmo que você não lembre”, temos um material interessante para meditar sobre a consciência enquanto aguardamos saudosos nosso encontro “face a face”.