Consumo de açúcar reduz absorção de nutrientes essenciais

Na década de 1930, o consumo médio anual de açúcar era de 15 quilos por habitante. Nos anos 1970 este consumo pulou para 40 kg por ano. E agora, os brasileiros consomem entre 50 a 60 kg de açúcar anualmente, de acordo com a EMBRAPA e outras fontes. Os efeitos adversos do consumo excessivo de açúcar são bem conhecidos, como obesidade, diabetes, problemas cardíacos e câncer. No entanto, o que poucos sabem é que a ingestão de açúcar leva à deficiência de vitaminas e minerais: C, D3, magnésio, cálcio, cromo.

Açúcares adicionados

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75% de todos os alimentos processados e bebidas nos EUA contêm adição de açúcar, e esta proporção deve ser bem parecida aqui no Brasil. O açúcar adicionado vem com vários nomes: sacarose, frutose, xarope de milho com alta frutose, dextrose, polidextrose, glicose, xarope de glicose, açúcar invertido, maltodextrina. Ele está obviamente presente em alimentos doces, e também em alimentos salgados, como pãozinho, biscoito, molho de salada, molho para massas, ketchup, sopas, congelados, batata chips. Leia o rótulo e veja você mesmo!

Fome interna

Alimentos processados com açúcares adicionados substituem alimentos nutricionalmente superiores na dieta, e também podem esgotar nutrientes (vitaminas e minerais) de alimentos saudáveis que tenham sido consumidos, bem como nutrientes armazenados no corpo, a fim de permitir a metabolização do açúcar. Além disso, o consumo de açúcares adicionados danifica as mitocôndrias e, portanto, prejudica a geração de energia. Isto pode resultar em um tipo de ‘fome interna’ (via leptina e resistência à insulina), que leva ao aumento de apetite e ganho de peso.

Ladeira acima – de 2 para 55 kg anuais

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Nos últimos 200 anos, a ingestão média de açúcares adicionados aumentou de 2 para 55 kg/ano. Açúcar é uma poderosa droga, mais gratificante do que a cocaína, conforme demonstrado em estudos com animais e seres humanos. Açúcar não está entre os alimentos recomendados ou essenciais à saúde. Açúcar não contribui em nada para a nutrição, além de calorias vazias, e como foi dito acima, as vitaminas fornecidas por outros alimentos são consumidas pelo açúcar para liberar suas calorias.

Antialimento

Alimento, por definição, é o produto que contém nutrientes essenciais, assimilados pelo organismo com três funções: produzir energia, estimular o crescimento e manter a vida. Açúcares adicionados não cabem nesta definição. Enquanto o mel, melado e açúcar de coco podem fornecer quantidades pequenas de micronutrientes, os açúcares comumente adicionados aos alimentos processados (sacarose e xarope de milho com alta frutose) são isentos de nutrientes, e ainda prejudicam as três funções citadas acima.

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Sinais e sintomas

Múltiplos estudos mostram que consumir frutose e sacarose causa todas as anormalidades que definem a síndrome metabólica: triglicerídeos altos, baixo colesterol HDL (o bom), resistência à insulina, intolerância à glicose, hiperglicemia, pressão arterial elevada, ganho de peso, gordura visceral. O açúcar adicionado também leva a características encontradas em pacientes com doença coronariana, como agregação plaquetária (plaquetas grudadas) e insulina alta. Outros efeitos: mortalidade precoce, doenças cardiometabólicas, obesidade, disfunção de células do pâncreas, diabetes tipo 2, hipertensão, câncer, fígado gorduroso (esteatose hepática), aterosclerose. Açúcar contribui para a disbiose (desequilíbrio da flora intestinal) com uma resposta pró-inflamatória, o que pode causar o intestino permeável, uma porta aberta para doenças autoimunes e inflamação no corpo.

Mais efeitos negativos

O açúcar reduz a capacidade imunológica, provoca hiperatividade em crianças, pode levar a danos nos rins, produz envelhecimento acelerado. A lista de problemas continua: cárie dentária, doença periodontal, acne, artrite, asma, desordens digestivas, candidíase. E mais: eczema, depressão, oxidação com formação de radicais livres, redução do fluxo sanguíneo, tendões frágeis, etc. Por tudo disso, os açúcares adicionados não podem ser considerados comida: estão mais para venenos do metabolismo!

Referências

*Nutrients 2018. Total and Added Sugar Intake: Assessment in Eight Latin American Countries.

*Open Heart 2017. Added sugars drive coronary heart disease via insulin resistance and hyperinsulinaemia.

*Open Heart 2016. Added sugars drive nutrient and energy deficit in obesity: a new paradigm.

*British Journal of Nutrition 2018. Cross-sectional association between sugar-sweetened beverage intake & cardiometabolic biomarkers.

*Nutrients 2018. Effect of Dietary Sugar Intake on Biomarkers of Subclinical Inflammation: Systematic Review & Meta-Analysis of Intervention Studies.

*Clinical Nutrition 2018. Intakes and sources of dietary sugars and their association with metabolic & inflammatory markers.

*Science 2018. Hyperglycemia drives intestinal barrier dysfunction and risk for enteric infection.