por Danilo Baltieri
No texto anterior (veja aqui), expliquei por que os jovens começam a beber cada vez mais cedo e por que as meninas têm as mesmas motivações que os meninos para beber.
Agora vou falar principalmente sobre como o álcool afeta a saúde mental do jovem.
Seja qual for o fator (ou fatores) que impulsionam o jovem a beber, as consequências podem ser extremamente negativas. Embora as consequências à saúde física entre jovens não pareçam ser tão evidentes quanto entre adultos; estudos mostram que jovens que bebem frequentemente e pesadamente estão em risco para várias complicações físicas e psiquiátricas tais como: efeitos sobre a memória de longa duração, funcionamento do fígado e regulação hormonal. Esses fatores têm sido destacados na literatura científica.
Em termos gerais, os adolescentes, em comparação aos adultos, são mais sensíveis aos efeitos neurotóxicos do uso pesado de álcool e também à sua ação de inibição da neurogênese (formação de substrato neuronal).
O cérebro do adolescente pode sofrer mudanças duradouras em decorrência do uso de álcool e, consequentemente, provocar mudanças de comportamento.
Estudos neurocognitivos (utilizando técnicas de neuroimagem) – que compararam a resposta cerebral de jovens para atividades da memória operacional – mostraram que adolescentes com transtornos relacionados ao uso de álcool apresentam maior atividade em certas regiões do cérebro do que os adolescentes sem essa condição para a realização de tarefa similar.
Esses dados sugerem que nos estágios iniciais dos transtornos relacionados ao uso de álcool, o cérebro pode compensar os danos causados por essa substância por meio do “recrutamento” de outras fontes neurais. Com o passar dos anos e a manutenção do padrão pesado de uso de álcool, nota-se que os danos tendem a aumentar, assim como o desempenho neuropsicológico tende a piorar e o cérebro perde sua capacidade de compensar as perdas.
Esse impacto danoso do álcool sob o cérebro do jovem parece ser mais intenso entre mulheres, entre filhos de pais alcoolistas e entre aqueles jovens que já fazem consumo de outras drogas (cigarro e maconha por exemplo).
Vale salientar também a ocorrência de “apagões”, incidentes provocados pelo uso de álcool e caracterizados pela impossibilidade de evocar lembranças de um evento. O uso de álcool na adolescência, fase marcada pelo aprendizado e pelo amadurecimento, pode prejudicar o desenvolvimento cognitivo do jovem. Esse prejuízo, segundo a literatura científica, parece ser mais intenso nos adolescentes. Ademais, os estudos sugerem que esses jovens que manifestaram “apagões” de memória tendem a se envolver em incidentes como: brigas, vandalismo, discussões e prática de sexo inseguro.