por Jocelem Salgado
Hoje falarei de um problema enfrentado por mulheres, especialmente no período da menopausa: a osteoporose.
Os conhecimentos básicos sobre osteoporose decorrem do início do século XX. A palavra osteoporose surgiu dos estudos realizados pelo patologista francês Jean Georges Chretien Frederic Martin Lobstein em 1830. Mas foi apenas no final do século passado que o termo osteoporose ganhou o conceito atual: desordem esquelética progressiva caracterizada pela diminuição da massa óssea, acarretando a fragilidade do osso e aumentando o risco de fraturas. Porém, as complicações clínicas da osteoporose incluem não só fraturas, mas também dor crônica, depressão, deformidade, perda da independência e aumento da mortalidade.
Os principais fatores de risco para essa doença são: o sexo feminino, as etnias amarela e branca, a idade mais avançada, a precocidade do início da menopausa, a hereditariedade e erros nutricionais (baixa ingestão de cálcio, baixa ingestão de vitamina D3 ou falta de exposição ao sol para produção da mesma, situações muitas vezes responsáveis para má absorção de alimentos etc), maus hábitos (ingestão exagerada de café, álcool, tabaco), sedentarismo, certas medicações (glicocorticoides, anticonvulsivantes) e doenças como a artrite reumatoide e quase todas as doenças inflamatórias sistêmicas. Nas mulheres pós-menopáusicas, a deficiência de estrogénio é uma das principais causas de osteoporose.
Estudos estimam que aproximadamente 50% das mulheres e 20% dos homens com idade igual ou superior a 50 anos irão sofrer de uma fratura causada pela osteoporose ao longo de sua vida.
Além disso, de acordo com dados da população norte-americana, cerca de 5% dos indivíduos que apresentam fratura de quadril morrem durante a internação hospitalar, 12% morrem nos três meses subsequentes e 20% morrem no ano seguinte ao da fratura. Estudos realizados no Brasil revelaram a mortalidade de 23,6% nos três meses subsequentes à fratura de fêmur.
Uma das principais causas da osteoporose é o desequilíbrio entre células denominadas osteoblastos e osteoclastos. Os osteoblastos são as células responsáveis pela formação dos componentes orgânicos da matriz óssea, colágeno, proteoglicanos, glicoproteínas. Já os osteoclastos são responsáveis pela reabsorção dos ossos. Quando há uma deficiência de estrogênio no corpo, redução característica das mulheres na menopausa há uma alteração nos fatores que estimulam a formação de osteoclastos e inibem a diferenciação osteoblástica, provocando assim o aumento do risco do desenvolvimento e progressão da doença nessas mulheres.
No entanto, não é apenas a falta de estrogênio que está relacionada à doença. Estudos recentes têm indicado que os tão conhecidos radicais livres também podem causar uma desordem entre osteoblastos/osteoclastos, através do aumento na formação e reabsorção de osteoclastos de e uma diminuição na sua diferenciação e formação óssea.
Atualmente os tratamentos mais utilizados para a osteoporose incluem terapias medicamentosas e fatores nutricionais, os quais são administrados para reduzir o risco dessa síndrome. Em clínicas, os suplementos de estrogênio e os bifosfonatos são tipicamente administrados para a osteoporose. Porém, esses tratamentos possuem efeitos secundários, tais como dores de cabeça, náuseas e edemas (inchaços), reduzindo assim a qualidade de vida dos pacientes.
Sendo assim a busca por alimentos que auxiliem na redução da incidência e da progressão dessa doença são extremamente importantes. Além da famosa dica de ingerir alimentos que são ricos em cálcio, estudos recentes demonstraram que frutas e vegetais, por possuírem compostos bioativos com potencial antioxidante, têm se destacado.
Dentre os alimentos, tem se destacado a amora, uma frutinha saborosa que tem vários benefícios à saúde devido à sua atividade anti-hiperlipidêmica, antidiabética e antioxidantes, uma vez que é rica em antocianinas e compostos fenólicos.
Sabendo dessa composição rica das amoras, pesquisadores resolveram avaliar a atividade dessa fruta na prevenção e redução de risco de osteoporose. Para isso, foi administrado um suco de amora em ratas e o resultado não poderia ser melhor. Segundo os autores do estudo, esse suco aumentou a espessura dos ossos, melhorou o estresse oxidativo e alterou alguns marcadores relacionados com a homeostase osteoblástica e osteoclástica, tendo potencial assim para desacelerar a osteoporose principalmente em mulheres com menopausa.