por Elisandra Vilella G. Sé
Os animais convivem com o homem desde a pré-história e estão presentes nas pinturas *rupestres desde o período paleolítico – por volta de três milhões de anos atrás até 10 mil a.C..
A interação benéfica entre o homem e o animal sempre constituiu um vinculo afetivo de respeito e veneração. Em algumas sociedades e religiões, desde a antiguidade, o homem acreditava que os animais eram guardiões que os protegiam e garantiam seu bem-estar.
Entretanto, a interação terapêutica entre o ser humano e o animal ganhou força a partir dos anos 1792, com a realização de um programa terapêutico com deficientes mentais na Inglaterra, e em 1867, a técnica foi utilizada na Alemanha.
Somente nos anos 1980 surgiram as primeiras pesquisas científicas com o Uso de Terapias Assistidas com Animais (TAA) ou Atividade Assistida por Animais (AAA) que constitui a utilização de animais com finalidades terapêuticas, comprovando os benefícios à saúde humana a partir da interação com eles.
No Brasil, a **equoterapia foi muito difundida em crianças com necessidades especiais.
Ao longo da história da humanidade a domesticação de algumas espécies transformou tanto os animais quanto os hábitos e o estilo de vida das pessoas.
Sabemos que a convivência com um animal de estimação só traz benefícios à saúde.
Quem tem um animal de estimação sabe o quanto eles são companheiros e divertidos. Para algumas pessoas eles são tão importantes, que recebem tratamento especial com direito até à festa de aniversário. A interação com os animais pode proporcionar o controle da pressão arterial, do nível de estresse, ansiedade e contribuir para autoestima, motivação, redução do sentimento de solidão e isolamento.
A convivência com o animal proporciona a socialização e emoções positivas.
Estudos recentes realizados na Europa e Estados Unidos comprovam que famílias com animais de estimação têm menos despesas com saúde do que famílias sem animais. Isso torna-se bastante importante para compreender como o animal é vivenciado por cada pessoa.
A Terapia Assistida por Animais (TAA) é uma prática com critérios específicos realizada por um profissional da área da saúde devidamente treinado e habilitado e tem objetivos: motivacional, educacional, lúdico ou terapêutico utilizados em programas de humanização em hospitais e em instituições de longa permanência para idosos.
Na TAA o animal é a parte integrante do tratamento, objetivando promover a melhora social, emocional, física e/ou cognitiva de pacientes humanos; partindo do princípio de que a relação, a interação e a amizade que podem surgir entre seres humanos e animais geram inúmeros benefícios servindo como auxílio no tratamento de diversas patologias como síndromes genéticas, hiperatividade, depressão, demências, lesão cerebral, entre outras.
É importante ressaltar que os animais, geralmente cães, devem ter o acompanhamento de médico veterinário garantido a saúde física e o bem-estar do mesmo, pois a qualidade de vida desses terapeutas animais é essencial para o bom funcionamento da TAA.
No Brasil, uma experiência do projeto Amicão do Departamento de Enfermagem do Hospital São Paulo da Universidade Federal de São Paulo com a implantação da Terapia Assistida por Animais, evidenciou a experiência positiva na rotina do hospital em algumas unidades quando receberam a visita de um animal para sessões de TAA.
Segundo a diretoria do departamento de enfermagem do hospital, os resultados alcançados entre pacientes, acompanhantes e profissionais de saúde foram positivos.
Em instituições de longa permanência para idosos, essa atividade propicia relaxamento, redução de apatia, da agressividade, da ansiedade, da dor e depressão.
No interior de São Paulo, na cidade de Araçatuba, uma pesquisa acompanhou as alterações físicas, emocionais, sociais e comportamentais dos idosos a partir da TAA. A pesqusia foi realizada com 36 pessoas idosas de ambos os sexos, com idades entre 58 e 101 anos, através de visitas com cães previamente adestrados, acompanhados por veterinários e um médico geriatra. Durante as visitas, evidenciou-se que algumas dificuldades de relacionamento interpessoal foram minimizadas e a agressividade e irritabilidade entre os idosos diminuíram. Além disso, a equipe de pesquisadores percebeu que a maioria dos idosos, na presença dos cães, sentiu-se mais motivada à prática de outras atividades de reabilitação e de exercícios físicos leves ao ar livre.
Os resultados observados nessa pesquisa demonstram a possibilidade de incremento da qualidade de vida física e emocional de idosos institucionalizados pela prática de TAA. Isso significa que a convivência com os animais tem realmente um papel motivacional com reflexos na saúde física, mental e emocional dos idosos.
* Arte rupestre é o termo que denomina as representações artísticas pré-históricas
** Equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem multidisciplinar e interdisciplinar nas áreas de saúde.