“O Caminho está completamente presente onde você está, então qual a necessidade de prática e de iluminação? Contudo, se no início houver a menor diferença entre você e o Caminho, o resultado será uma separação maior do que aquela entre o céu e a terra.” – Mestre Dogen – Fukanzazengi
Em fevereiro de 2020, chega ao Brasil o primeiro caso do novo coronavírus, seguindo o percurso que veio da China, já acometida desde dezembro de 2019. A pandemia atingiu vários continentes, chegando até nós. Um vírus que ataca as vias respiratórias e de grande capacidade de contágio exponencial.
O isolamento social da população foi adotado como recomendação por inúmeros governos internacionais como um dos principais recursos de contenção à expansão da Covid 19, assim classificado, além do uso obrigatório de máscaras, e mudanças de hábitos nas práticas de higiene pessoal.
Com a determinação de permanência em suas casas, milhões de pessoas precisaram se adaptar e criar rotinas que dessem vazão à ansiedade, ao medo, porque não dizer, a oportunidades de mudança de vida.
As rotinas de home office, atividades de organização doméstica, práticas de ginástica, música, leituras, brincadeiras com as crianças, palestras e cursos online, compartilhamento de iniciativas entre vizinhos, desenvolvimento de projetos que atendessem necessidades premente, desentendimentos, especialmente muitos casos de violência doméstica, dinamizaram e ainda contextualizam esse momento.
Sem abraços e beijos
A sociedade em geral, sem abraços e beijos, sem aproximações físicas, sem a convivência social de trabalho e lazer, busca se adaptar, mas também há aqueles segmentos sociais que não acreditam na gravidade da situação e buscam romper essa dura determinação da Organização Mundial da Saúde e Governos.
As respostas às privações impactaram diferentemente segmentos sociais. Há grupos sociais economicamente estáveis, vivenciando a crise com seus recursos e grupos sociais, de grande vulnerabilidade, sendo foco de iniciativas da sociedade e governos para o desenvolvimento de programas de apoio com a distribuição de alimentos e recursos financeiros, entre outros.
Em um quadro de guerra, testemunhamos aberturas de covas, enterros sem despedidas, caixões empilhados.
Esse é o contexto atual, num jogo de braço entre a tragédia e a grande energia de solidariedade e competência profissional de médicos, médicas, enfermeiros e enfermeiras, técnicos e técnicas de enfermagem, cientistas, que lutam e atuam para a defesa da vida e a erradicação desse importante vírus.
Meditação: importante antídoto contra o vírus da depressão
A meditação também vem sendo procurada e utilizada como um importante antídoto contra o vírus da depressão, do medo, da ansiedade.
A meditação é oferecida por monges, monjas, leigos professores e leigas professoras da Comunidade Zen Budista, Zendo Brasil, de Monja Coen Roshi.
A busca por palavras e recomendações de práticas saudáveis chega a essa comunidade, bem como a tantas outras, das mais diversas crenças e tradições espirituais.
E, no Zen, como orientação de nossa Comunidade, Zendo Brasil, chamamos a todos a reflexões e à vivência da respiração consciente, e ao exercício da apreciação do presente, sem medos e sem aversões.
Salto quântico
Mestre Dogen, com essa reflexão libertadora estimula ao salto quântico que a tudo transforma. O aqui e o agora como portal de ampliação da consciência, diante de todas as adversidades. É a vida se manifestando, mesmo em morte.
O olhar de sabedoria que emerge naturalmente da prática da meditação, pelo Zazen, identifica em todas as situações possibilidades de crescimento, e estabelece um coração atento, ativo, criativo e coerente.
Viva o momento presente sem apegos
Vivenciar a percepção salutar de nós mesmos, em meio a um oceano de condições arbitrárias e necessárias, é olhar para o carvão e ter os olhos para ver um diamante. Estamos lapidando os nossos hábitos, relações, formas de pensar, nosso modus operandi. E, diante disso tudo, estarmos presentes e conscientes, sem apegos e aversões, liberando a liberdade e a apreciação ao novo.
Mas, se nos separamos do cotidiano, mirando para um futuro, na expectativa da retomada das rotinas, (lembrando serem já do passado) e, guardando as lembranças, do passado, buscando conservá-las, o presente será sempre mascarado pelas ansiedades e não se revelará o único território onde a sua vida é possível.
Pratique Zazen e já estará nesse lugar, o seu lugar.