por Rosemeire Zago
Outro dia assisti à apresentadora Oprah Winfrey. Vou dividir a reflexão que o programa proporcionou a mim e provavelmente a todos aqueles que o assistiram. O assunto foi sobre o quanto as pessoas estão se sentindo sobrecarregadas e, em especial, as mulheres com tantas “novas” atribuições” e as trágicas consequências que podem acontecer.
Houve o depoimento de uma mulher, mãe, esposa, que antes de ir trabalhar, foi levar sua filhinha de 3 anos para a casa da babá, pois o marido, que geralmente a levava, naquele dia não podia fazê-lo por ter uma consulta ao dentista. Segundo o depoimento, como ela havia saído muito mais cedo, resolveu comprar algumas coisas para a escola que trabalha e depois seguiu direto para seu local de trabalho.
No final do dia, ao sair do trabalho, percebeu o tumulto no estacionamento. Sua filhinha ainda estava dentro do carro, após 8 horas, num dia de muito calor e, infelizmente, havia falecido. E a pergunta feita durante o programa e que muitos ao lerem este artigo talvez estejam também perguntando: “Como pode alguém esquecer sua filha no carro?” E alguém respondeu: “eu posso, você pode.” E você pode pensar: “eu não!”
Mas realmente todos nós podemos e ninguém pode julgar. Essa mãe já se culpou, e parece se culpar, o suficiente para não precisar do dedo acusador de mais ninguém. O marido em nenhum momento a culpou, mas também se culpou, e como eles mesmo disseram, foi um interminável: “e se… ” “E se… tivesse feito assim. E se… tivesse prestado mais atenção.” Mas como sabemos, a culpa não leva a lugar algum, mas com certeza o aprendizado sim. E eles aprenderam! Sim, aprenderam por um custo altíssimo, mas perante o lamentável ocorrido, todos da família mudaram seu estilo de vida, e ainda buscam, apesar da dor, transmitir esse alerta para tantos quantos conseguirem.
Esse é o motivo de pai e mãe irem a público: levar a experiência deles como alerta para aqueles que querem sempre fazer mais em menos tempo. Estamos todos querendo ultrapassar todos os limites e provarmos a nós mesmos o quanto conseguimos nos superar. E tudo isso nos faz pensar e refletir como cada um de nós está conduzindo a própria vida, e como essa mãe disse, ela tentou tanto proteger suas filhas, que não as protegeu dela mesma. É mesmo para pensar!… O que mais assusta é que muitas outras pessoas deram depoimentos via fone durante o programa com situações semelhantes. O que está acontecendo? Não apenas com essa família, mas com todos nós?
Por que corremos contra o tempo?
Estamos todos em busca de fazer cada vez mais, não apenas em menos tempo, mas com certeza ao mesmo tempo. E nós mulheres, somos peritas nisso. A busca em sermos perfeitos ronda a todos, seja homem ou mulher. Queremos sempre fazer mais e melhor, em todas as áreas. E não nos damos conta do quanto podemos perder, pois só se pensa em ganhar… ganhar tempo, dinheiro, sucesso, que no fundo encobrem outras necessidades muito mais profundas, e por assim serem, muitos não percebem para aonde estão correndo.
Necessidades de reconhecimento, aprovação, ser aceito, entre tantas outras buscas, ainda que sejam inconscientes, permeiam muitas de nossas atitudes, nos levando a buscar por muitos caminhos para encontrar aquilo que mantemos oculto de nós mesmos. O que queremos provar? A quem queremos agradar? Todos temos muito a pensar.
Foi abordado ainda a importância dos homens, maridos e pais, em aprender a colaborar não apenas no que se refere à educação dos filhos, mas em tudo que envolve a administração da casa. Sim, muitos já ajudam e muito, mas a maioria ainda mantém aquela atitude machista que quem cuida dos filhos é a mulher, principalmente aqueles que se consideram ou realmente são, provedores. Se você se sente sobrecarregado, peça ajuda, seja homem ou mulher. Isso não é vergonha, muito pelo contrário, é dar oportunidade a todos em participarem da harmonia do bem mais valioso que se tem: sua família!
Quando queremos fazer muito, estamos sempre pensando no momento seguinte, no quanto ainda temos que fazer, e nos esquecemos do principal: estarmos inteiros no momento presente, no “aqui e agora”, como diz Eckhart Tolle, no livro “O Despertar de uma Nova Consciência”, ed. Sextante. As chances de esquecermos algo é maior quando mudamos a rotina, como no caso da mãe, que mudou seu caminho. Raramente estamos verdadeiramente presente naquilo que fazemos. Ou seja, fazemos as coisas tão no automático que nos esquecemos do mais importante. Você já reparou o quanto faz muitas coisas ao mesmo tempo? O quanto você está realmente no momento presente, sentindo aquilo que faz? Como age ao chegar em casa e se depara com as pessoas que moram com você?
Você se lembra de dar um abraço apertado em sua esposa, seus filhos, seus pais ou simplemente chega se lamentando pelo seu dia e se fecha em seu próprio mundo? Você realmente valoriza o fato deles estarem lá? E demonstra isso? Seja com um gesto, uma palavra? A maioria valoriza sim, mas infelizmente não demonstra aquilo que sente. Portanto, que tal começar a demonstrar seu amor por aqueles que você ama? Comece observando como você age quando chega.
Observe como os outros agem com você. E aos poucos sinta a vontade em fazer diferente começar a surgir dentro de você. Por mais cansado que se esteja, por mais problemas que tenha tido durante o dia, dar um abraço mais demorado, um beijo carinhoso, com certeza não vai cansá-lo mais nem aumentar seus problemas. Quem não gosta de ser recebido com carinho? Quem não gosta de um cafuné, receber um elogio, um colo? Comece por você! Aos poucos todos estarão contagiados com gestos tão simples, mas que fazem tanta diferença!