Cresce interesse pela fitoterapia

por Alex Botsaris

O mercado de fitoterápicos está em plena ascensão. De acordo com a publicação científica The New England Journal of Medicine, somente na Europa, chega a se gastar US$ 5 bilhões em um ano, sendo a Alemanha e a França os países onde a procura é maior. O governo alemão gastou US$ 283 milhões ao investir na prescrição desse tipo de medicamento. A França segue o mesmo ritmo.

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Segundo projeções do Instituto Brasileiro de Plantas Medicinais (IBPM), o mercado de medicamentos fitoterápicos movimenta de 400 milhões a 500 milhões de dólares por ano no Brasil. No mundo, estima-se que o gasto com plantas medicinais chegue à cifra de US$ 27 bilhões (em torno de 7% do mercado mundial de medicamentos). Entretanto, enquanto o mercado farmacêutico cresce de 3% a 4% ao ano no mundo, o fitoterápico sobe de 6% a 7% e vem ganhando "share".

Desde que a espécie homo sapiens, apareceu na face do planeta Terra, as plantas são usadas no tratamento de doenças. Todas as culturas, até as mais primitivas, fizeram e fazem uso de plantas com intuito medicinal. Essas tradições populares de tratamento acabaram servindo como base para a farmacologia moderna. Por outro lado, criou-se o termo fitoterapia (em grego: phyton – planta; therapia – tratamento) para caracterizar o uso medicinal das plantas. A combinação de avanços no estudo da farmacologia das plantas, com a ocorrência de efeitos colaterais de medicamentos convencionais, fez o interesse mundial pela fitoterapia crescer nos últimos 10 anos. Vale mencionar que boa parte das substâncias utilizadas pela indústria farmacêutica convencional tem sua origem, direta ou indireta, nas plantas medicinais. Como exemplo, é possível citar a aspirina, que vem do salgueiro-branco, há séculos usado pelos índios norte-americanos para tratar a dor e a febre.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com 400 entrevistados, 43% disseram usar ou já terem usado a medicina alternativa; destes, 86% ficaram satisfeitos com o resultado (contra 17% dos que usufruíram da medicina convencional). Sendo que, 16% procuram primeiro a medicina alternativa quando ficam doentes. Com 14,6%, a fitoterapia aparece em terceiro lugar quanto às mais usadas, atrás apenas da homeopatia (46,6%) e da acupuntura (13,8%). Essa mesma pesquisa também verificou que entre 5% e 7% dos médicos brasileiros praticam ou estudam a medicina complementar. Atualmente, os especialistas do IBPM estimam que esse percentual chegue a 9%.

Em meu livro "Medicina Complementar – vantagens e questionamentos das terapias não convencionais" explico o porquê do tamanho do mercado fitoterápico ser controvertido. Não existe uma avaliação direta. Isso porque ele é formado por produtos classificados em categorias muito diferentes (como alimentos funcionais, medicamentos, chás e temperos), além daqueles que não possuem nenhuma metodologia ou instrumento de medição – como plantas vendidas para chás em feiras livres e mercados municipais. Há projeções de que até 2010, o mercado de fitoterápicos esteja entre 8% e 10% do de farmacêutico mundial.

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Existem também medicamentos industrializados e disponíveis em farmácias comuns, produzidos exclusivamente com extratos de plantas medicinais. Acabam sendo apresentados aos médicos da mesma forma como as drogas convencionais. Alguns produtos exportados, como o guaraná, o cogumelo do sol e a andiroba poderiam ter um apelo fitoterápico, mas acabam sendo enviados para fora do país em outras categorias, como alimentos ou cosméticos.

Existem alguns estímulos a pesquisas com plantas medicinais no Brasil, mas ainda são ainda insuficientes e mal direcionadas. O número de trabalhos científicos feitos aqui com plantas vem aumentando exponencialmente nos últimos 10 anos. Atualmente, mais de cinco mil trabalhos científicos são feitos no país, por ano, com plantas. Entretanto, só uma parte chega a ser publicada, ficando muitos deles escondidos em prateleiras das universidades. Falta organização da pesquisa: para validar uma planta como medicinal, pois exige um equipe multidisciplinar trabalhando em conjunto numa planta apenas.

O trabalho com plantas medicinais tem uma boa repercussão na economia. Há uma grande geração de empregos, desde a produção, no campo, até os empregos mais técnicos, na industria. Muitos países têm investido em validar suas plantas. Na América do Sul, Peru, Costa Rica e até a República Dominicana possuem programas de fitoterapia mais consistentes a avançados que em nosso país. Será que vamos de novo perder o bonde da história?

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Esse texto e esta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um médico e não se caracterizam como sendo um atendimento