Depois da era dos “castigos e palmadas”, passamos para a era do “mas ele quer!” (Pai Crítico para Pai Salvador)
Como em geral acontece com mudanças de comportamentos, vamos de um extremo ao outro, ao invés de encontrar o equilíbrio. Isto porque esta mudança é regida pela Criança Adaptada, pelo inconsciente e não pelo consciente com a ajuda do Adulto, racional. Ou seja, são suas emoções do passado se sobrepondo ao presente e criando defesas e não uma atitude adequada à realidade.
O que temos presenciado em nossa sociedade, são pais entregando sua autoridade e poder de ação, a crianças absolutamente incapazes de saber o que é melhor para si.
O resultado são crianças birrentas, inseguras e tiranas. Isto porque nascemos intuitivos, voluntariosos, mas incapazes de saber o que nos trás segurança. Buscamos esta orientação nos pais, nos nossos heróis, que devem ser por um tempo, nosso parâmetro, nossa fonte de recursos que aos poucos vão nos preparando para assumir o leme de nossa própria vida. Esta é uma tarefa do Amor.
A maior parte das vezes que vemos uma criança fazendo birra, ela está apenas pedindo limites. É preciso compreender que o “não” justificado com lógica e também com firmeza, apesar de gerar uma certa frustração na criança, traz confiança de que ela é importante e cuidada, portanto Amada por seus pais.
Diferente de receber um limite repressor, onde o Não é incompreensível (Pai Critico), ela aprende a adiar sua satisfação, em prol de um objetivo maior.
Se eu tenho dificuldade de exercer meu papel parental, vou preferir atender a todos os desejos da criança, temendo que ela me rejeite. Essa é a melhor maneira de criar pessoas inseguras, pois não terão a capacidade de lidar com os milhões de Nãos que a vida lhe dirá.
Mas afinal, qual o momento de dizer o não?
Como em tudo na vida, não existe receita de bolo, porque cada momento é diferente do outro e cada ser é único! Mas um Pai Protetor, saberá cuidar de seu filho com uma margem de segurança que garanta sua saúde, será bom o suficiente para estimular essa criança a descobrir o mundo e confiar em si mesma, e mostrará opções indicando as consequências de cada escolha. Se depois destas atitudes a criança ainda insistir num comportamento “arriscado”, com doçura e firmeza, o pai colocará o Não e sustentará a reação de desconforto da criança, sem menosprezá-la por isso. Aos poucos essa criança vai gerando uma boa autoestima, acreditando que é capaz de saber o que é bom para si e não só o que é gostoso.
Ah!… então essa é a receita?…
Esta é a atitude mais adequada ao desenvolvimento saudável de uma pessoa, mas lembre-se: todos temos um enredo de vida criado na nossa primeira infância e que terá que ser compreendido para não se transformar em obstáculos para nossa evolução.
Cada um tem um caminho de aprendizado, e quanto mais amoroso e sábio, for o nosso Mestre (os pais), maior a chance de nos formarmos com louvor nessa grande escola da vida!