Por Miriam Rodrigues
Será que o mundo está ficando mais chato ou mais responsável? Vamos descobrir!
É importante levarmos esclarecimentos que possam auxiliar pais e educadores na difícil arte de criar nossas crianças nesse mundo tão complexo e de constantes mudanças.
Portanto, o tema da postagem de hoje é “Criança não namora, nem de brincadeira”.
Qual é a importância deste tema?
Existem dois motivos que merecem destaque quando respondemos a esta pergunta. Confira as explicações abaixo.
1º – Encurtamento da infância
A brincadeira e a ludicidade são o universo infantil.
Para as crianças, os limites ainda não são claros entre mundo externo e interno. Dessa maneira, ambos os mundos estão fundidos e isso é absolutamente comum e saudável.
O perigo encontrado ao incentivar o namoro de crianças é o encurtamento da infância.
Isso acontece quando se leva ao universo infantil um conteúdo (o namoro) que pertence ao universo do adolescente e do adulto.
Nós, profissionais da saúde e educação, que estamos acostumados a trabalhar com prevenção, sabemos que nossas ações devem promover fatores de proteção, incentivando que crianças sejam apenas crianças, brincando em seus universos, e evitar fatores de risco.
Um fator de proteção é aquilo que protege o indivíduo contra problemas posteriores, enquanto um fator de risco é aquilo que torna o indivíduo vulnerável a eles.
Dessa forma, estimular que a criança “namore” é um fator de risco e a vivência plena da infância funciona como um fator de proteção.
2º – Empobrecimento do vocabulário emocional da criança
O segundo ponto a ser destacado é o empobrecimento do vocabulário emocional.
Ao incentivar o “namoro”, o adulto deixa de ensinar sentimentos e emoções importantíssimas para a criança, tais como fraternidade, irmandade, afinidade, solidariedade e compaixão.
Esses sentimentos passam a fazer parte de um “pacote” – o pacote da sexualidade ou do amor romântico.
É fundamental que a criança entenda que há vários tipos de amor, sendo um dos mais bonitos a amizade. Também é relevante que aprenda que esses amores são importantes tanto na infância quanto na vida adulta.
Esses sentimentos citados acima farão parte da vida adolescente e adulta e, portanto, é essencial ter um bom vocabulário emocional para denominar as emoções que fazem parte da família do amor.
Saber nomear as emoções também é uma maneira saudável de ampliar as habilidades de cultivar relações interpessoais, além de favorecer a saúde emocional.
Dessa maneira, sexualizar os sentimentos da família do amor empobrece o vocabulário emocional e também as relações interpessoais.
Cito no meu livro infantil Vavá e Popó descobrem as famílias das emoções que na família do amor estão a solidariedade, ternura, respeito, benevolência, afeição, gratidão e outras mais.
Além disso, exemplifico correções apropriadas para que a criança não pense em namoro.
Abaixo, um comportamento que apresenta fator de risco:
Ele brinca com você no recreio porque quer te namorar.
Ela gosta de figurinhas só porque está a fim de você.
A seguir, o comportamento adequado que apresenta fator de proteção:
Eu sou muito grata por você brincar comigo no recreio.
Você gosta de figurinhas assim como eu! Temos afinidades.
Por fim, lembre-se sempre que é nosso dever proteger a infância e promover a educação emocional.
Os principais aprendizados para a vida se dão na infância. Devemos, então, aproveitar as janelas de oportunidade do cérebro para promover fatores de proteção.
É por isso que criança não namora, nem de brincadeirinha.